O fato: As contas públicas fecharam abril com saldo positivo, impulsionadas pelo desempenho do Governo Central. O setor público consolidado – que inclui União, estados, municípios e estatais – registrou superávit primário de R$ 14,150 bilhões, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Banco Central.
O resultado representa mais que o dobro do registrado em abril de 2024, quando o superávit foi de R$ 6,688 bilhões. A melhora é atribuída principalmente ao avanço das receitas federais, que cresceram em ritmo mais forte do que as despesas, ampliando o espaço fiscal do Governo Central, responsável pela maior fatia das contas públicas.
No acumulado de 2025, o setor público consolidado já soma superávit primário de R$ 102,860 bilhões. Entretanto, no recorte de 12 meses encerrados em abril, ainda há um pequeno déficit primário de R$ 6,012 bilhões, equivalente a 0,05% do PIB.
Governo Central puxa melhora, mas estados e estatais seguem no vermelho: O Governo Central encerrou abril com superávit de R$ 16,227 bilhões, resultado bem superior ao de abril de 2024, quando o saldo foi de R$ 8,762 bilhões. A diferença entre o número do Banco Central e o divulgado ontem (29) pelo Tesouro Nacional – que apontou superávit de R$ 17,782 bilhões – se deve à metodologia distinta utilizada pelo BC, que considera a variação da dívida dos entes públicos.
Já os governos estaduais registraram déficit de R$ 1,017 bilhão em abril, revertendo o superávit de R$ 591 milhões obtido no mesmo mês do ano passado. Por outro lado, os municípios saíram de um déficit de R$ 1,967 bilhão em abril de 2024 para um superávit de R$ 358 milhões este ano. No agregado, os governos regionais tiveram déficit de R$ 659 milhões, menor do que o resultado negativo de R$ 1,377 bilhão registrado um ano antes.
As empresas estatais também pressionaram negativamente o resultado: registraram déficit de R$ 1,418 bilhão em abril, praticamente o dobro do rombo de R$ 698 milhões no mesmo período de 2024. O cálculo exclui Petrobras e Eletrobras.
Conta de juros melhora com operações cambiais: As despesas com juros da dívida pública somaram R$ 69,686 bilhões em abril, valor inferior aos R$ 76,326 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. A redução se explica, principalmente, pelos ganhos de R$ 15,8 bilhões com operações de swap cambial, revertendo as perdas de R$ 11,2 bilhões observadas em abril do ano passado.
Apesar do alívio proporcionado pelos swaps, o aumento da Selic, da inflação e do próprio endividamento pressionaram a conta de juros.
O resultado nominal das contas públicas – que inclui o saldo primário e os juros – também apresentou melhora: déficit de R$ 55,536 bilhões em abril, contra R$ 69,638 bilhões no mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, porém, o déficit nominal ainda é expressivo: R$ 934,376 bilhões, ou 7,76% do PIB.
Dívida pública cresce e chega a 76,2% do PIB: A dívida líquida do setor público atingiu R$ 7,432 trilhões em abril, equivalente a 61,7% do PIB, ligeiramente acima dos 61,6% registrados em março. Já a dívida bruta subiu para R$ 9,176 trilhões, ou 76,2% do PIB, mantendo a trajetória de alta observada nos últimos meses.