Por Francisco de Assis Vasconcelos Arruda
Há algo em nós que não pode ser vendido, negociado ou concedido — aquilo que temos de mais precioso. Em meio às pressões do mundo, às exigências sociais e aos ruídos da opinião alheia, corremos o risco de abrir mão, pouco a pouco, daquilo que sustenta nossa identidade. Mas é justamente esse núcleo interior — feito de coragem, paz, determinação, felicidade e fé — que precisa ser guardado com mais zelo.
A coragem, por exemplo, é uma chama. Às vezes intensa, outras vacilante, mas sempre viva. Ela é o que nos move nos dias difíceis, quando tudo parece conspirar contra. Coragem não é ausência de medo, mas a decisão firme de continuar, mesmo tremendo. É ela que nos permite levantar após uma queda e tentar mais uma vez, acreditando que vale a pena.
Ao lado da coragem, caminha a determinação. Quantas pessoas começam grandes sonhos e os abandonam diante dos primeiros obstáculos? Ser determinado é cultivar constância. É repetir pequenas ações todos os dias, sabendo que o tempo, aliado ao esforço, constrói resultados. Quem tem determinação carrega dentro de si uma bússola que não se desvia, mesmo quando as rotas parecem confusas.
Mas não vivemos apenas de movimento e esforço — precisamos de paz. E paz não é silêncio externo, mas uma serenidade que nasce dentro de nós. A paz nos permite ouvir com mais clareza, escolher com mais sabedoria e agir com mais humanidade. Ela é um refúgio que precisa ser preservado de tudo aquilo que nos contamina: das palavras venenosas, das comparações injustas, dos ambientes tóxicos.
Felicidade também está entre esses tesouros internos. Não a felicidade de grandes euforias, mas aquela que se revela no cotidiano — no sorriso de um neto, na leitura de um bom livro, no trabalho feito com propósito. Essa felicidade não grita, mas aquece. E muitas vezes é ela que nos salva de perder o sentido da vida.
Por fim, talvez o mais profundo de todos os tesouros: a fé. Fé é o que resta quando tudo parece ruir. É o impulso de confiar mesmo quando não há garantias. Ter fé é entregar o invisível ao tempo, à providência, a Deus. É essa fé que nos ergue em meio à dor, que nos consola nas perdas e nos sustenta quando ninguém mais parece nos compreender.
Por tudo isso, o apelo é claro: nunca permita que tirem isso de você. Pessoas podem tentar diminuir sua coragem, questionar sua paz, zombar de sua fé. Mas você é o guardião desses dons. Defenda-os. Cuide deles como quem protege um tesouro silencioso, mas vital.
Porque no fim das contas, os maiores patrimônios que alguém pode carregar não estão nos bens materiais, mas nos valores que permanecem mesmo quando tudo o mais passa. E esses, ninguém pode nos roubar — a menos que permitamos.
