Na quarta-feira (20), o governo Lula acreditava ter o jogo controlado: Omar Aziz (PSD-AM) na presidência da CPMI do INSS e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) como relator, ambos de perfil amigável ao Planalto. Mas, no meio da sessão, o roteiro se perdeu — e dois cearenses acabaram sendo peças-chave na derrota governista, ainda que de forma involuntária. A explicação a seguir tem base em reportagem publicada pela revista Piauí.
O quiproquó
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A oposição se articulou durante a madrugada no gabinete do PL e lançou Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência, com Alfredo Gaspar (União-AL) indicado como relator.
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O placar final: 17 a 14 para a oposição, dando aos bolsonaristas o comando da pauta e das conclusões da comissão.
As ausências decisivas
Dois governistas titulares não compareceram:
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Mário Heringer (PDT-MG): em recuperação de cirurgia odontológica.
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Rafael Brito (MDB-AL): em viagem oficial a Cingapura.
Isso abriu espaço para suplentes do PL votarem e garantirem os 17 votos.
O papel dos cearenses
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José Guimarães (PT-CE) — líder do governo na Câmara.
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Não apareceu em Brasília no dia da votação, alegando problemas de saúde. O líder ainda convalescia de uma intervenção cirúrgica realizada em São Paulo, há três semanas.
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Sua ausência foi sentida na articulação política. Sem ele, a coordenação da base ficou fragilizada, e a oposição avançou sem resistência.
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Cid Gomes (PSB-CE) — titular da CPMI no Senado.
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Simplesmente não foi. Estava no Ceará, preparando uma palestra para vereadores do Cariri.
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Disse à piauí que só soube da derrota horas depois, por telefone.
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Embora seu suplente (Otto Alencar, PSD-BA) tenha votado, sua ausência simbolizou a desconexão da base com o risco real em curso.
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O que está em jogo
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Com presidência e relatoria, a oposição terá seis meses para ditar o ritmo da CPMI, convocar depoentes e propor indiciamentos.
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Já anunciou que pretende convocar até Frei Chico, irmão de Lula, para desgastar o governo.
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A CPMI, que deveria ser um espaço de apuração técnica sobre as fraudes no INSS, virou palanque político para o bolsonarismo.
Vá mais fundo
A derrota governista não foi apenas falta de quórum, mas de vigilância.
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Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, chegou atrasado à sessão e admitiu ter subestimado o risco.
👉 Em Brasília, não basta ter maioria — é preciso estar presente e sempre alerta. Historicamente, é assim que minorias cnseguem instalar CPIs que desagradam ao Governo de plantão.