O Ministério Público Eleitoral do Ceará (MP-CE) decidiu não acolher o pedido de prisão preventiva contra o ex-governador e líder nacional do PDT, Ciro Gomes. A promotora Grecianny Carvalho Cordeiro, no entanto, defendeu que a Justiça Eleitoral imponha medidas cautelares — como o comparecimento periódico em juízo e a proibição de contato com a prefeita de Crateús, Janaína Farias (PT).
Por que importa:
O caso marca mais um capítulo no desgaste de Ciro, figura central da política cearense e ex-candidato à Presidência. As acusações envolvem violência política de gênero, praticada em declarações contra Janaína, quando ela ocupava interinamente o Senado em 2024, no lugar de Camilo Santana.
O que foi pedido:
• A Advocacia do Senado havia solicitado a prisão preventiva de Ciro.
• O MP rejeitou a medida extrema, mas reconheceu “continuidade delitiva” e pediu alternativas à prisão.
A defesa:
Os advogados de Ciro reagiram duro. Acusaram a iniciativa de censura prévia e negaram que haja risco concreto contra Janaína. Argumentam que as falas de Ciro foram dirigidas ao então senador Camilo Santana, não à prefeita de Crateús.
O próximo passo:
Cabe agora ao juiz eleitoral decidir se acata ou não as medidas cautelares sugeridas pelo MP. Até lá, Ciro segue sem restrições judiciais.
Vá mais fundo:
• O embate tem peso simbólico: envolve Ciro, um dos nomes mais influentes da política nordestina, e Janaína, aliada de Camilo e hoje prefeita de Crateús.
• O pano de fundo é a disputa por espaço no tabuleiro político do Ceará — onde cada gesto reverbera em 2026.
Linha do tempo dos ataques de Ciro contra Janaína Farias
Abril de 2024 – Ocupando o Senado (suplente de Camilo Santana)
Durante entrevistas e declarações públicas, Ciro lançou ataques diretos quando Janaína assumiu interinamente o mandato no Senado:
- “Assessora para assuntos de cama do Camilo Santana”
- “Assessora de alcova”
- “Pessoa que organizava as farras do Camilo Santana”
- “Cortesã”
➡️ Contexto: Primeira vez que o MP Eleitoral abriu procedimento, apontando indícios de violência política de gênero.
Maio–Junho de 2024 – Reafirmação das ofensas em entrevistas
Mesmo após decisão judicial que já o proibia de se manifestar nesse tom, Ciro repetiu ataques diante de jornalistas:
- “Ela é, hoje, uma cortesã portando um mandato de senadora.”
- “Faça quatro perguntas básicas a ela sobre geografia, economia, demografia do Ceará… Você vai ver. Se fosse um homem, seria a mesma coisa. Mas, por ser mulher, não pode.”
➡️ Contexto: Insistência no discurso, desafiando decisão judicial.
Julho de 2025 – Evento em Capistrano (aniversário de Roberto Cláudio)
No interior do Ceará, em discurso aberto, elevou o tom das acusações, sem citar nominalmente, mas deixando claro o alvo:
- “A pessoa que recrutava moças pobres, de boa aparência, para fazer o serviço sexual sujo de Camilo Santana.”
- “Virou senadora do Ceará. Agora é prefeita num município do Ceará… É para eu encarar? Eu vou encarar.”
➡️ Contexto: Ciro reforça ataques e os amplia, relacionando Janaína à vida pessoal e política de Camilo Santana.