O contexto
A disputa pelo Senado em 2026 no Ceará ganha contornos claros com a pesquisa Real Time Big Data (25 e 26/09, 1.200 entrevistas, margem ±3 p.p., 95% confiança). Com duas vagas disponíveis, Cid Gomes lidera, Roberto Cláudio aparece bem competitivo, enquanto a direita segue fragmentada entre PL e União Brasil.
O centro, com nomes como Chiquinho Feitosa (Republicanos), pode ser decisivo como segundo voto. Quanto a Guimarães (PT), deve ser visto com máxima atenção por ser um nome que apareceria colado ao lulo-petismo e de confiança do Planalto. Atentem também para o bom resultado do deputado federal Eunício Oliveira (MDB), que o mantém na mesa de negociações com bom peso. Ou seja, é um quadro muito embolado e que vai sofrer forte intervenção das variáveis políticas e articulações. A tradição cearense mostra: quem chega unido tende a conquistar as duas cadeiras.
1. Como o eleitor cearense distribui os dois votos para o Senado
A pesquisa Real Time Big Data testou vários cenários para as duas vagas que o Ceará abrirá no Senado em 2026:
- Cenário 1 – Cid Gomes (PSB) 21%, Roberto Cláudio (PDT) 18%, Alcides Fernandes (PL) 14%, Capitão Wagner (União) 14%, Priscila Costa (PL) 9%, Chiquinho Feitosa (Republicanos) 9%, Nulos/Brancos 7%, Não sabe 8%.
- Cenário 2 – Cid 21%, RC 16%, Alcides 14%, Wagner 14%, José Guimarães 11%, Priscila 9%.
- Cenário 3 – Cid 20%, RC 16%, Alcides 14%, Eunício Oliveira (MDB) 13%, Wagner 13%, Priscila 9%.
- Cenário 4 – RC 19%, Wagner 15%, Alcides 14%, José Guimarães 12%, Chiquinho 11%, Priscila 9%.
- Cenário 5 – Cid 29%, RC 22%, Chiquinho 15%, Priscila 13%.
Quando somados 1º e 2º votos, Cid alcança entre 30% e 38%; Roberto Cláudio chega a 20–27%; os nomes de direita (PL, União) aparecem dispersos, raramente passando de 17% combinados por candidato.
2. Lições da ciência política e do histórico cearense
- Efeito de concentração: em disputas majoritárias com duas cadeiras, o campo político que chega unido costuma ocupar as duas vagas. A direita cearense aparece pulverizada entre PL (Alcides, Priscila), União Brasil (Wagner) e, como pêndulo de centro, o Republicanos (Chiquinho).
- Peso do centro: nomes como Chiquinho Feitosa, com perfil de centro, podem ser o segundo voto de diferentes eleitores — inclusive de petistas ou ciristas moderados — e virar fator decisivo caso um bloco consiga consolidar um primeiro voto forte.
- Força dos Gomes: Cid mantém liderança estável em todos os cenários, mesmo quando aparecem novos nomes ou quando a lista inclui petistas como José Guimarães. Ele soma alto percentual de primeiros e segundos votos e demonstra recall consolidado. É o fiel mda balança em seu sentido mais amplo (isso é tema para análise posterior).
- Roberto Cláudio competitivo: aparece sempre como segundo nome mais lembrado, com potencial de crescimento caso herde apoios de Ciro ou de estruturas partidárias.
- Direita fragmentada perde tração: mesmo quando soma Alcides, Wagner e Priscila, não chega a um bloco dominante. Cada nome fica na faixa de 9% a 15% — insuficiente para garantir vaga se o outro campo estiver unido.
3. Variáveis estratégicas
- Migração partidária de Ciro: ele se mantém no PDT, mas já sinaliza possível ida ao PSDB, que pode reorganizar apoios de centro-direita e dar mais densidade ao grupo opositor.
- Base bolsonarista deslocada: Capitão Wagner (União), fragilizado como candidato, já se aproxima de Ciro; até o presidente nacional do União Brasil sinalizou apoio ao pedetista. Isso tende a concentrar votos anti-PT/anti-Lula num mesmo eixo.
- Centro disputado: figuras como Chiquinho Feitosa podem ser o segundo voto de eleitores de qualquer campo, funcionando como “pivô” se houver acordo político.
4. Leitura Focus Poder
Cid Gomes entra em 2026 como nome mais sólido para o Senado, liderando isolado em todos os cenários. Estendendo o se papel político, sua firça de articulação e o controle real da máquina do PSB, pode-se afirmar que o senador é o fiel da balança das eleições 2026 no Ceará. Para onde ele pender, as chances de vitória aumentam. Hoje, a posição pública de Cid é se manter na ala governista. Porém, antigos desconfortos nessa ala e uma pequena aproximação entre Cid e Ciro na festa do Sereia de Ouro deixam o caso aberto para especulações, o que só beneficia a Cid.
Roberto Cláudio surge competitivo como segundo polo, enquanto a direita aparece fragmentada — PL e União não conseguem, sozinhos, garantir uma cadeira. A eventual reorganização em torno de Ciro Gomes, que flerta com o PSDB e já atrai a base bolsonarista, pode mudar esse equilíbrio, mas hoje o quadro favorece Cid e aliados do campo da centro-esquerda. Atentem que a potencial candidatura de Júnior Mano foi desconsiderda pelo Real Big Data.
Por óbvio, há muitos elementos ainda a registrar. Essa pesquisa, há um ano do pleito serve somente para dar a dimensão das forças inviduais e coletivas. Atentem para a força política da direita: quando somados os votos de candidatos da direita (PL, União), o percenctual acumulado supera com folga quaquer outro candidato. Se a direita se fechar em torno de um nome, são boas as chances de o nome conseguir um das vagas.
Vejam os quadros da pesquisa