Por Fábio Campos
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Fortaleza 294 anos. Não, jamais passamos por guerras. Sim, passamos por conflitos e alguns enfrentamentos internos. Porém, nada comparáveis a um conflito bélico de grandes proporções. No entanto, temos as nossas tragédias. 10 de dezembro de 1878, é certamente o dia mais trágico da história da cidade. No auge da implacável seca que pegou de cheio o exército de flagelados que perambulavam esfomeados pela então pequena capital.
Deu-se o dia dos Mil Mortos. Na verdade, a contabilidade oficial da época concluiu que ocorreram 1.004 vítimas. Quase todas enterradas no areal das dunas em covas rasas, sem caixão e sem velório. Fortaleza tinha pouco mais de 42 mil habitantes. Imagina-se então o tamanho da tragédia. Já se foram 142 anos desde então.
No cataclismo da saúde pública, em uma cidade completamente desprovida de cuidados sanitários, a ciência é o provedor do futuro. Foi nesse cenário que, um pouco mais tarde, já no início do século 20, surgiu a figura de um farmacêutico baiano que morava em Fortaleza. Contra a descrença geral, Rodolfo Teófilo desenvolveu sua própria vacina, montou em seu cavalo e saiu tentando convencer uma sociedade inculta e desconfiada de que seu fármaco salvaria vidas.
Depois disso, somente a partir da década de 2000, é que Fortaleza passou a sofrer com uma nova epidemia. Porém, não era um vírus microscópico, mas sim uma doença social. A violência homicida e a violência do trânsito. Em 2017, por exemplo, foram quase duas mil pessoas assassinadas na Capital do Ceará. Junte outro tanto de acidentados, principalmente de motos, e formamos outra grande tragédia. Nessa área, há sinais claros de que os índices estão melhores.
Porém, em nenhuma momento, ocorreu o quadro de agora. Crianças sem aula. Comércio fechado. Construções paradas. Fábricas sem funcionar. Ruas esvaziadas. Em todas as grandes crises, a força de trabalho do cearense acabou sendo o meio de superação dos problemas. Porém, as circunstâncias de agora impõem o recolhimento.
Em seus 294 anos, Fortaleza vive um momento único em sua História. Para conversar sobre o hoje e o amanhã de mais de dois milhões e meio de cidadãos, o Focus Colloquium está com o prefeito Roberto Cláudio.