Saúde
O fato: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida), da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento de obesidade e sobrepeso com comorbidades. A decisão, publicada nesta segunda-feira (9) no Diário Oficial da União, marca um avanço regulatório importante e insere o Brasil entre os países que autorizam o uso da nova geração de medicamentos voltados ao controle crônico de peso.
Antes liberado apenas para o tratamento do diabetes tipo 2, o Mounjaro agora poderá ser prescrito a adultos com IMC igual ou superior a 30, ou a partir de 27, desde que haja ao menos uma comorbidade associada ao excesso de peso, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes. A nova indicação exige acompanhamento com dieta hipocalórica e prática de atividade física regular.
A aprovação teve como base os resultados do programa SURMOUNT, conjunto de sete estudos clínicos internacionais de fase 3, que envolveram mais de 20 mil pacientes. Os dados revelaram perdas de peso altamente expressivas: 22,5% na dose de 15 mg, 16% na de 5 mg, contra apenas 0,3% no grupo placebo. Em alguns casos, quatro em cada dez pacientes perderam mais de 40% do peso corporal.
Competição direta com Ozempic e Wegovy: A chegada do Mounjaro ao mercado de obesidade coloca o medicamento como principal concorrente de Ozempic e Wegovy, da Novo Nordisk. A diferença central está no mecanismo de ação: enquanto a semaglutida atua apenas sobre o receptor do hormônio GLP-1, a tirzepatida estimula também o GIP, ampliando o efeito de saciedade e controle glicêmico.
Em estudo publicado no The New England Journal of Medicine em maio, a tirzepatida apresentou redução média de peso de 20,2%, superior aos 13,7% da semaglutida, e com perda média de 22,8 kg versus 15,0 kg. Além disso, 64,6% dos pacientes tratados com Mounjaro atingiram pelo menos 15% de perda de peso, contra 40,1% no grupo da semaglutida.
Novo marco no combate à obesidade: Para Luiz Magno, diretor sênior da Área Médica da Lilly do Brasil, o avanço representa uma mudança de paradigma. “Durante décadas, dieta e exercício foram as únicas opções de tratamento. Agora, temos evidências de que o metabolismo do próprio paciente atua contra a perda de peso. A aprovação do Mounjaro amplia as alternativas e dá acesso a um tratamento mais eficaz”, afirmou, segundo a CNN.
A caneta injetável será oferecida em diversas dosagens, com aplicação semanal, e estará sujeita à prescrição médica. A norma entra em vigor imediatamente, com liberação para comercialização conforme os trâmites operacionais da Eli Lilly no país.