O que aconteceu:
Luís Roberto Barroso, presidente do STF, soltou uma carta serena, didática e minuciosa para rebater o devaneio de Donald Trump — que, em caixa alta, “ordenou” o fim do processo contra Bolsonaro e ainda impôs tarifas ao Brasil.
Sem citar Trump, Barroso explica como se fala com quem parece ter faltado à aula de Educação Cívica: “Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos.”
Por que importa:
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Trump tenta vender a narrativa de “ditadura” para encobrir o que a PGR considera ser uma tentativa de golpe documentada.
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Barroso expõe, ponto a ponto, que o Brasil julga com provas, contraditório e TV ligada.
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A carta é recado para fora — e para dentro: quem chama ditadura o que é democracia, ou ignora a História, precisa ouvir de novo.
Aula básica, item por item:
✔ História na testa: linha do tempo de 1935 a 1977 — Intentona Comunista, Estado Novo, golpe de 64, AI-5, fechamento do Congresso.
✔ Provas, não narrativa: tentativa de atentado em aeroporto, explosão de bomba no STF, acampamentos golpistas, plano para matar presidente eleito.
✔ Democracia é contraditório: “Sessões públicas, transmitidas pela TV, acompanhadas por advogados, imprensa e sociedade.”
✔ Ditadura é repressão: “Para quem não viveu uma ditadura ou não a tem na memória, vale relembrar: ali, sim, havia falta de liberdade, tortura, desaparecimentos forçados, fechamento do Congresso e perseguição a juízes.”
✔ Liberdade de expressão existe: STF derrubou censura da Lei de Imprensa, defendeu humor, biografias e protege jornalistas de assédio judicial.
✔ Big techs não mandam: solução mais leve que a Europa — conteúdo criminoso sai; o resto, só ordem judicial.
O recado final:
Sem histeria, sem caixa alta: “A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime.”
Tradução:
Para Barroso, a questão é a seguinte: Quer anistia? Quer golpe? Quer tarifaço? O STF vai continuar julgando da forma como considera ser correta. E, espera-se, sempre com a Constituição na mão.
“É nos momentos difíceis que devemos nos apegar aos valores e princípios que nos unem: soberania, democracia, liberdade e justiça.”
É isso. Aula de escola primária. Mas precisava ser dada.