Câmara acelera projeto que inclui facções e milícias como terrorismo; texto pode ser votado a qualquer momento

COMPARTILHE A NOTÍCIA

Foto Lula Marques/ Agência Brasil

O fato: O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta segunda-feira (26), a urgência para o projeto de lei (PL) 1.283/2025, que amplia o conceito de terrorismo no Brasil para incluir atividades promovidas por facções criminosas e milícias organizadas. Com a urgência aprovada, o texto pode ser votado diretamente no plenário, a qualquer momento, sem necessidade de passar pelas comissões temáticas.

De autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), a proposta avança no Congresso menos de um mês após o governo dos Estados Unidos solicitar oficialmente ao Brasil que classifique facções criminosas como organizações terroristas. O tema, sensível, coloca o Legislativo brasileiro no centro de um debate estratégico sobre segurança pública e alinhamento internacional.

Projeto amplia alcance da Lei Antiterrorismo: O PL 1.283/2025 modifica a atual Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016) para estender a definição do crime e endurecer o combate às organizações criminosas. O texto prevê que “organizações criminosas e milícias privadas que realizem atos de terrorismo” sejam enquadradas na legislação, incluindo ainda uma causa de aumento de pena quando o ato terrorista for cometido por meio de recurso cibernético.

A proposta altera especificamente o artigo 2º da lei, passando a incluir como terrorismo a prática de atos, por um ou mais indivíduos, “para impor domínio ou controle de área territorial, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.

Ao defender o projeto, Danilo Forte citou como inspiração medidas adotadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que classificou organizações criminosas latino-americanas como terroristas, com o objetivo de permitir que autoridades americanas utilizem instrumentos típicos de combate ao terrorismo para enfrentar o crime organizado.

Essa medida visou permitir que as autoridades americanas utilizem ferramentas e recursos tradicionalmente empregados no combate ao terrorismo para combater o crime organizado”, justificou Forte.

Pressão internacional e embate político interno: A tramitação acelerada do projeto ocorre em meio à pressão dos Estados Unidos para que o Brasil se alinhe ao padrão internacional de enfrentamento a organizações criminosas, incluindo a designação de facções como grupos terroristas. Organizações de direitos humanos e da ONU, contudo, têm alertado que medidas semelhantes podem ser usadas para justificar deportações sumárias de imigrantes, com base em critérios políticos ou discriminatórios.

No plenário, o governo orientou voto favorável à urgência, mas sinalizou cautela em relação ao conteúdo. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou que ainda não há consenso sobre o mérito da proposta. “Não há ainda unidade quanto ao mérito. Em seguida, discutiremos”, afirmou.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu a iniciativa e prometeu amplo diálogo antes da deliberação final. “Vamos, sim, priorizar a pauta da segurança, e queremos contar com o apoio do governo, dos partidos de oposição. Vamos fazê-lo dentro da lei, respeitando a nossa Constituição, respeitando o Estado Democrático de Direito, mas não deixando de reconhecer que a situação da segurança pública no país é gravíssima”, declarou.

Oposição quer acelerar criminalização de facções: Parlamentares da oposição também endossaram a urgência, com discurso alinhado ao movimento internacional. “Quando tivermos a oportunidade de fazer a discussão do mérito, com a presença do autor do projeto de lei, vamos discutir a classificação das 88 facções criminosas que aterrorizam o Brasil como agentes terroristas”, afirmou o deputado Sanderson (PL-RS).

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

GM vai montar elétrico Spark no Ceará: importante fato novo industrial — e ativo político para Elmano

“Vamos pra cima”: Elmano endurece discurso em meio à onda de violência no Ceará

AtlasIntel: entre criminalidade e economia estagnada, Lula vê erosão no apoio e avanço de Tarcísio

Chiquinho Feitosa reúne Camilo, Evandro e Motta em articulação para 2026

A disputa no Ceará e os passageiros do carro dirigido por Ciro Gomes

Do cientista político Andrei Roman (AtlasIntel): Lula não é favorito em 2026 porque perdeu o ‘bônus Nordeste’

Vídeo de Ciro no centrão: discurso contra Lula e aceno à centro-direita e centro-esquerda

O roteiro de conversas e articulações que aponta Ciro candidato no Ceará

O que você precisa saber sobre a venda da Unifametro para o grupo que controla a Estácio

Disputa entre Ceará e Pernambuco derruba comando da Sudene e escancara guerra por trilhos e poder no Nordeste

Guararapes, Cocó e De Lourdes têm a maior renda média de Fortaleza. Genibaú, a menor

Moraes manda Bolsonaro para prisão domiciliar após vídeo em ato com bandeiras dos EUA

MAIS LIDAS DO DIA

Fortaleza registra deflação de 0,07% em agosto com queda de energia e alimentos

Ceará inaugura terminal multimodal de cargas frias no Pecém com investimento de R$ 105 milhões

Quando o sentido chega depois; Por Gera Teixeira

E agora, Padre Melchior? Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

TJCE é destaque nacional no STJ: sete enunciados cearenses são aprovados no 1º Congresso da Corte judiciária

Tiro mortal em Charlie Kirk, aliado de Trump, expõe os EUA em transe

Alece aprova doação de terreno para hospital universitário da UFCA no Cariri

Sociedade do Cuidado: o peso invisível das mulheres em pleno Setembro Amarelo; Por Érica Martins

Turismo internacional no Ceará cresce 29,6% e atrai quase 70 mil visitantes em 2025