
O fato: O ex-ajudante de ordens Mauro Cid confirmou, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e editou uma minuta de decreto que previa prisão de ministros do STF e do presidente do Senado, além da realização de novas eleições por meio de uma comissão extraordinária. Segundo Cid, Bolsonaro “enxugou” o texto, retirando a previsão de prisão das autoridades, mantendo apenas a detenção de um único nome: o próprio Mauro Cid.
O depoimento “Sim, senhor. Ele leu. E fez alterações no documento”, afirmou Cid, reforçando que o ex-presidente teve ciência e participação ativa no teor do texto, que previa medidas como a decretação do estado de sítio e a suspensão do resultado das eleições de 2022.
O depoimento marca o início dos interrogatórios da ação penal que tramita na Primeira Turma do STF e apura a tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de Bolsonaro. Além do ex-presidente, outros sete integrantes do núcleo militar e político serão ouvidos até o dia 13 de junho. As sessões são transmitidas ao vivo pela TV Justiça, pelo canal oficial do STF no YouTube e pela TVPT, canal de comunicação do Partido dos Trabalhadores, autorizado pela Corte a exibir as audiências.
Detalhes: Cid, que firmou delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), detalhou que o plano previa a instauração de uma comissão eleitoral para conduzir um novo pleito, anulando o resultado da eleição vencida por Luiz Inácio Lula da Silva. O conteúdo da minuta e as alterações feitas por Bolsonaro já constavam no material apreendido pela PF, mas o depoimento de Cid reforça a linha de acusação sobre o envolvimento direto do ex-presidente na trama golpista.