Ciristas, ouçam Ciro: facções são caso federal

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A segurança pública é, de novo, o prato
 do dia. No Ceará e no Brasil, facções criminosas já não são mais bandos de esquina: são conglomerados nacionais, interestaduais e até transnacionais, com departamentos de logística, finanças e, ora vejam, marketing político. O crime organizado já faz lobby, entra em licitação e patrocina campanhas. E o que fazem os opositores do governador de cada Estado? O de sempre: cobram que a autoridade local resolva sozinha um problema que não respeita fronteiras.

É a cobrança fácil. O populismo de vitrine.

Ninguém mais, ninguém menos que Ciro Gomes já desmontou essa farsa em 2022, quando olhou para a câmera do Jornal Nacional e disse: “O enfrentamento das facções criminosas que hoje dominam a periferia de todas as grandes cidades brasileiras, e das milícias, que, a partir do Rio, começam também a se sediar e até a evoluir para lavar dinheiro e entrar na política, não serão enfrentadas localmente.”

E, para que não houvesse dúvida, completou: “Se o Governo Federal não assumir para si a tarefa inteirinha de investigar, prender, fazer a representação no Ministério Público, julgar e aprisionar, isolando a comunicação das cabeças das facções criminosas, nenhum estado será capaz de resolver isso.”

Ciro arrematou: “[Minha proposta é que] crime organizado, facções criminosas, milícias, narcotráfico, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e crimes do colarinho branco da política passam a ser integralmente federais, a partir da investigação até o segmento penitenciário.” (Veja esse trecho da fala de Ciro ao fim do vídeo abaixo)

Eis aí a lógica que desmonta a crítica oca: se o problema é nacional, a solução precisa ser nacional. O contrário é jogar para a plateia.

Parece óbvio, não? Pois não para quem insiste em vender o mito do xerife. No Ceará, a lista de candidatos que tentaram usar a violência como cabo eleitoral daria uma enciclopédia de derrotas. Todos prometeram ser o “homem forte”, o “caçador de bandidos”, o “governador que manda prender”. Nenhum chegou lá. Não se elege xerife no Ceará. Nem aqui, nem em lugar nenhum. O eleitor até escuta, mas na hora de entregar a caneta do Executivo, prefere não transformar o governo em extensão de um quartel.

Ciro ainda fechou sua resposta com uma proposta que, goste-se ou não, tem lógica: “[Minha proposta é que] crime organizado, facções criminosas, milícias, narcotráfico, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e crimes do colarinho branco da política passam a ser integralmente federais, a partir da investigação até o segmento penitenciário.” Eis aí a realidade inconveniente: ou o combate é centralizado e coordenado, ou continuaremos enxugando gelo. Mas, claro, enxugar gelo dá votos — ao menos na fantasia de quem aposta no medo como plataforma eleitoral.

A ironia é que a sociedade sabe, lá no fundo, que esse discurso do “governador xerife” é uma fraude. Não foi por acaso que nenhum deles venceu. O eleitorado pode até gostar de um discurso duro no palanque, mas sabe que segurança pública não se resolve com um coldre na cintura e frases de efeito.

O problema é que a demagogia rende palanques cheios, manchetes estridentes e curtidas fáceis. Mas governar? Ah, isso já é outra coisa. E aqui, Ciro está certo: sem uma política federal de enfrentamento, nenhuma unidade da federação dará conta de um crime que se organiza como multinacional.

O resto — esse espetáculo de bravata de palanque — não passa de marketing de quinta categoria. E, convenhamos, se discurso de xerife elegesse alguém, já teria virado história no Ceará. Na verdade, virou: a história dos derrotados. Bom, veremos como será a postura de Ciro Gomes durante a campanha do Ceará caso se configure de fato sua candidatura ao Governo.

Vejam a íntegra da fala de Ciro na entrevista de 2022 ao Jornal Nacional acerca do tema “segurança pública”

 

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