De tijolinho em tijolinho, Roberto Cláudio ergue um muro contra si

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Sabastião Barros
Especial para o Focus Poder

Um analista amigo meu disse que desse jeito Roberto Cláudio não vai ser feliz direito. Em duas eleições seguidas, são duas desastrosas derrotas. Uma como candidato e a outra como patrocinador-mor de candidato. São duas derrotas pessoais e, literalmente, humilhantes.

De derrota em derrota, vão se esvaindo seus sonhos. O principal deles, acalentado por si desde a mais tenra idade, era em um lugar muito superior aos dois mandatos de prefeito de Fortaleza. Agora, o tempo está mais curto e as condições objetivas da política são radicalmente impeditivas.

A derrota é algo peculiar à política. Sim! Tanto quanto a vitória. Porém, do modo acachapante como as derrotas se deram, sugere-se a RC um profundo período sabático para entender a si mesmo e ao conjunto de decisões que o levou, precocemente, a uma situação política tão dramática.

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Mas, fiquemos com o que mais está à flor da pele. A turma que lida com as coisas do marketing político não gostou de ver o argumentador ex-prefeito, um hábil espadachim das palavras, metido em dancinhas, corridinhas de rua, mugangos e ridículos óculos espelhados. Era o anti-RC em ação.

Tudo isso já seria ridículo (como de fato foi) para ser encenado pelo sexagenário José Sarto, um personagem de nossa política que havia alcançado muito mais do que as suas naturais possibilidades projetavam ao chegar à magnânima presidência da Assembleia. Prefeitura da Capital foi forçar a barra.

Bom, o fato é que para Sarto, caso queira arriscar, há alguma chance de voltar à Assembleia em dois anos. Quem sabe? Se bancar o risco e obtiver sucesso, lá é bem mais adequado para quem não tem vocação para administrar uma cidade do porte de Fortaleza. Aliás, como o próprio chegou a dizer, tal posto nunca foi sonho sonhado.

A propósito, Ciro Gomes foi quem inventou o Sarto prefeito. Roberto tentou timidamente emplacar o disciplinado e discreto engenheiro Samuel Dias. A História a ser contada hoje teria sido outra bem diferente. Engoliu Sarto a seco. Deu no que deu.

E aí, Roberto Cláudio, que fazer? Aos 49 anos, talvez seja muito jovem para receber a sentença: “está encalacrado” ou “é o fim”. Mas, hoje, está sim encalacrado, mas não é o fim. Se quiser continuar na política e não ser obrigado a desengavetar seu diploma de médico sanitarista, vai ter que fazer movimentos muito diferentes do que tem feito até aqui.

A julgar pelos acontecimentos, pelo menos, possivelmente, abre-se uma janela: imagina-se que as duas terríveis derrotas o desobrigam a seguir cegamente Ciro Gomes, que se afoga lentamente há anos. Roberto Cláudio decidiu se agarrar ao longo pescoço de Ciro no momento em que a água já chegava ao nariz do ex-governador.

O melhor seria que o próprio Ciro liberasse o pupilo, não é verdade?

Não há desculpas plausíveis para o desastre político-eleitoral dos menos de 12% de votos concedidos a um prefeito que concorria à reeleição. Há sim, na verdade, o próprio Sarto e suas circunstâncias estrelando um amontoado de erros que se casaram com a antipática presunção de parte da equipe.

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Não vale à pena abordar os erros de gestão, o comportamento errático do prefeito, sua inapetência para o cargo, seus sumiços e coisas do tipo, mas vale apontar os grosseiros erros de uma campanha eleitoral que optou por infantilidades encenadas por gente que tem a obrigação de ser exemplamente madura. Ao fim das contas, além dos votos, faltou dignidade. E isso é faltal.

 

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