O fato: O dólar comercial apresentava forte queda de 1,85%, sendo cotado a R$ 5,91 às 13h51 desta terça-feira (21). O real destacou-se como uma das moedas mais valorizadas frente à divisa americana no início da tarde, em um movimento atribuído às incertezas sobre as medidas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Expectativas frustradas com tarifas: Desde a posse de Trump, o mercado aguardava anúncios de sobretaxas comerciais prometidas pelo republicano durante sua campanha, especialmente contra economias como China, Canadá e México. Contudo, até o momento, nenhuma dessas medidas foi sancionada.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, essa falta de ação tem gerado dúvidas sobre o compromisso do presidente em adotar uma postura agressiva. “O governo Trump tem sinalizado primeiro ameaças para, depois, avaliar a implementação das tarifas. Isso está levando a um enfraquecimento global do dólar”, explica Mattos.
Impacto nas tensões comerciais: Matheus Pizzani, economista da CM Capital, ressalta que a redução das expectativas em torno das tarifas foi um fator essencial para aliviar as tensões globais, principalmente em relação à China. “Antes, esperava-se uma alíquota de 25% sobre produtos chineses, mas agora as apostas estão em 10%, o que reduz temores de impactos inflacionários e suas consequências para a política monetária”, afirma.
Apesar da trégua momentânea, Pizzani alerta que o cenário segue instável. “A base desse movimento de arrefecimento é frágil e pode ser revertida rapidamente por um simples comunicado do presidente americano”, completa.
Próximos passos e riscos: Especialistas apontam que novas tarifas podem ser anunciadas por Trump em fevereiro, especialmente contra Canadá e México. O presidente norte-americano já indicou a possibilidade de sobretaxas de até 25% sobre os dois países, justificando a medida com questões relacionadas à imigração e tráfico de drogas.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), também comentou o tema durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, afirmando que a União Europeia precisa se preparar estrategicamente para possíveis ações tarifárias de Trump.