O passo decisivo
Na manhã desta segunda-feira (22), em plena agenda da Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o CEO do TikTok, Shou Zi Chew. O encontro ocorreu na residência oficial do embaixador Sérgio Danese, representante do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York — um endereço estratégico que virou palco para o que pode ser o maior investimento estrangeiro de tecnologia já feito no Brasil e localizado no Ceará. No caso, um mega Datacenter de R$ 50 bilhões.
Quem estava na sala
Além de Lula e Chew, participaram a primeira-dama Janja (que precisou se ausentar após o início da conversa), o ministro da Educação, Camilo Santana, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas. A presença dos dois reforçou que o assunto não era apenas regulação digital, mas a implantação de um mega data center da ByteDance no Complexo do Pecém.
O que foi discutido
- Regulação: Lula apresentou ao executivo o projeto de lei que tramita no Congresso para enquadrar as big techs, impondo transparência, equilíbrio concorrencial e limites a abusos de poder econômico.
- Investimentos: Shou Zi Chew confirmou a intenção de erguer um data center de até R$ 50 bilhões no Ceará. A primeira fase prevê consumo de 300 MW de energia, com possibilidade de expansão para até 1 GW.
- Infraestrutura: o projeto será viabilizado em parceria com a Casa dos Ventos, garantindo fornecimento de energia eólica e solar. O ONS já aprovou a conexão à rede, com ressalvas sobre a necessidade de reforços.
Por que o Ceará
- Cabos submarinos: Pecém e Fortaleza são portas de entrada e saída de dados do Brasil, conectando o país a EUA, Europa e África.
- Energia limpa: a matriz renovável do Ceará oferece à ByteDance um diferencial ESG, alinhado às pressões internacionais por sustentabilidade.
- Hub digital: a instalação consolida o estado como referência em infraestrutura tecnológica, abrindo espaço para startups, fornecedores e centros de inovação.
Os impactos locais
- Economia real: geração de empregos de alta qualificação em TI, engenharia e operação de sistemas, além de movimentação da cadeia de construção civil e serviços.
- Infraestrutura urbana: Caucaia e São Gonçalo do Amarante devem sentir os efeitos diretos — de valorização imobiliária a aumento da demanda por serviços.
- Desafios ambientais: alto consumo de energia e de água para resfriamento de servidores coloca pressão sobre licenciamento e compensações sociais.
Entrelinhas políticas
A reunião marcou uma convergência inédita: Lula, Camilo e Elmano alinhados em torno de um projeto que coloca o Ceará no mapa global da economia digital. Para Brasília, trata-se de equilibrar regulação das big techs e atração de investimentos. Para o Ceará, é a chance de disputar protagonismo com São Paulo e Rio na corrida tecnológica.
O recado
O encontro de Nova York foi mais que protocolo diplomático: foi um passo concreto para transformar o litoral cearense em vitrine mundial da economia de dados. Agora, cabe ao estado e ao país garantir que a promessa bilionária se traduza em empregos, inovação e desenvolvimento sustentável.