Evangélicos avançam, católicos recuam: Censo 2022 redesenha mapa da fé no Brasil

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O fato: O Brasil vive uma transformação silenciosa, mas profunda. Os dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que os evangélicos seguem ampliando sua presença e influência no país: agora representam 26,9% da população com 10 anos ou mais. Em 2010, esse percentual era de 21,6%. O crescimento, de 5,3 pontos percentuais, ainda é expressivo, embora tenha desacelerado na comparação com décadas anteriores.

Ao mesmo tempo, o catolicismo, historicamente dominante, segue em queda: caiu de 65% para 56,7% em 12 anos. A erosão da fé católica é contínua desde o século XIX, quando representava praticamente toda a população (99,7%, em 1872). Se a curva se mantiver, a maior religião do país poderá, em breve, deixar de ser majoritária.

Crescimento evangélico: A força evangélica é notável entre os mais jovens. Entre brasileiros de 10 a 14 anos, 31,6% se dizem evangélicos. Essa proporção se mantém acima de 27% até os 49 anos. A partir dos 50, há uma leve retração, chegando a 19% entre os que têm mais de 80 anos.

Regionalmente, o Norte lidera a presença evangélica, com 36,8% da população, seguido pelo Centro-Oeste (31,4%). O Sudeste (28%) e o Sul (23,7%) vêm na sequência. O Nordeste é a única região com menos de 25% de evangélicos (22,5%).

No ranking estadual, o Acre lidera com 44,4% de evangélicos. Já o Piauí tem a menor participação (15,6%).

Catolicismo ainda é maioria, mas sua base está envelhecendo: O catolicismo permanece como a religião com maior número de fiéis no Brasil. No entanto, sua presença se concentra nos mais velhos. Entre os brasileiros com mais de 80 anos, 72% se identificam como católicos. Já entre os de 20 a 29 anos, o percentual cai para 51,2%.

Em 2022, os católicos ainda eram maioria em 4.881 municípios, sendo que em 20 deles – principalmente no Rio Grande do Sul – superavam 95% da população. Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, Crato (CE) se destacou, com 81,3% de católicos.

O Piauí tinha a maior proporção estadual de católicos (77,4%). Na outra ponta, Roraima apresentou o menor índice: 37,9%.

Religiões de matriz africana crescem:Outro dado relevante do Censo é a ampliação da visibilidade das religiões de matriz africana. Umbanda e candomblé passaram de 0,3% para 1% da população. A pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos aponta que a redução da intolerância religiosa e o fortalecimento da autoestima dos praticantes explicam esse crescimento.

No Rio Grande do Sul, essas religiões somam 3,2% da população – o maior percentual entre os estados.

Sem religião e outras crenças também ganham espaço: O número de brasileiros que se declaram sem religião subiu de 7,9% para 9,3%. Entre eles estão ateus, agnósticos e pessoas que não se identificam com nenhuma fé. Já as “outras religiosidades” – como judaísmo, islamismo, budismo e tradições esotéricas – passaram de 2,7% para 4%.

Roraima lidera entre os estados com maior proporção de pessoas sem religião (16,9%), seguido pelo Rio de Janeiro, com o mesmo percentual. O Rio também é destaque entre os espíritas (3,5%).

Educação e religião: O IBGE também cruzou os dados religiosos com escolaridade. Os espíritas são o grupo com maior percentual de ensino superior completo (48%), seguidos por umbandistas/candomblecistas (25,5%) e adeptos de outras religiosidades (23,6%).

Na ponta oposta estão os católicos (18,4%), evangélicos (14,4%) e adeptos de tradições indígenas (12,2%). O maior índice de analfabetismo foi registrado entre seguidores das tradições indígenas (24,6%) e católicos (7,8%).

Mulheres são maioria em quase todas as religiões: Em quase todos os grupos religiosos, as mulheres são maioria – com exceção dos sem religião (56,2% de homens) e tradições indígenas (50,9% de homens). Entre os evangélicos, elas representam 55,4% dos fiéis; entre os espíritas, 60,6%.

Panorama racial: Entre os brancos, 60,2% se dizem católicos e 23,5%, evangélicos. Já entre os pretos, a proporção de evangélicos sobe para 30%, enquanto 49% são católicos. Entre os indígenas, 32,2% são evangélicos e 42,7% católicos. Apenas 7,6% seguem as tradições indígenas.

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