
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (5) que o novo sistema digital da reforma tributária brasileira terá uma capacidade de processamento 156 vezes maior do que a do Pix. O anúncio foi feito durante a abertura do encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), em Brasília. Segundo ele, o Brasil caminha para implantar o primeiro sistema tributário digital do mundo.
“Para que vocês tenham uma ideia da dimensão, o sistema da reforma tributária será 156 vezes maior do que todo o Pix do país. Em volume de informação, com mais de 70 bilhões de documentos processados anualmente, será 11 vezes maior que o atual sistema da Receita Federal” afirmou o ministro.
De acordo com Haddad, já foram investidos R$ 1,6 bilhão em tecnologia para o desenvolvimento da nova estrutura. A previsão é de que o sistema entre em operação gradualmente a partir de 2026 e esteja plenamente implementado até 2033, em conformidade com o cronograma da reforma aprovada pelo Congresso Nacional.
Atualmente, 30 grupos de trabalho atuam na regulamentação da reforma, com 90 servidores da Receita Federal dedicados exclusivamente à tarefa. Outros 32 grupos estão focados na criação e implantação do sistema de tecnologia da informação, com apoio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). A construção da plataforma também conta com a colaboração de 200 entidades representantes de diversos setores econômicos, que participam dos debates com os técnicos da Fazenda.
Tecnologia soberana e defesa do Pix
Durante sua apresentação, Haddad voltou a defender o Pix como uma “moeda digital soberana brasileira”, criada pelo Banco Central. Ele classificou o sistema de pagamentos instantâneos como um exemplo de inovação pública que incomoda interesses estrangeiros.
“Pix é a primeira moeda soberana digital do mundo. Está chamando a atenção de vários países, como Argentina e França. Não tem custo para o cidadão, é uma tecnologia nacional que não será privatizada. Não vamos ceder à pressão de multinacionais que estão incomodadas com uma tecnologia gratuita”, declarou, em resposta indireta a críticas recentes feitas por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos.
Minerais críticos e industrialização
O ministro também defendeu o uso estratégico dos minerais críticos e das chamadas terras raras, enfatizando a necessidade de agregar valor à produção nacional. Segundo Haddad, o governo Lula pretende desenvolver tecnologias para transformar esses recursos em produtos industriais de alto valor agregado, como baterias, painéis solares e componentes para energia eólica.
“Precisamos dominar tecnologia para transformar os minerais em produtos. Não podemos continuar sendo exportadores de matéria-prima. Vamos produzir aqui o que a economia moderna exige” afirmou.
A fala do ministro integra a estratégia do governo de reforçar a soberania tecnológica do país em áreas sensíveis, como o sistema tributário, os serviços financeiros e a transição energética. A expectativa do Planalto é de que a nova plataforma tributária se torne referência global e represente um marco de eficiência no relacionamento entre Estado e contribuinte.