
O fato: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,24% em junho, marcando o quarto mês consecutivo de desaceleração da inflação no Brasil. A queda foi puxada principalmente pelos alimentos, que recuaram após nove meses de alta. No entanto, a energia elétrica, pressionada pela entrada da bandeira vermelha, foi o item com maior impacto na inflação do mês.
Queda dos alimentos: O grupo Alimentação e Bebidas teve deflação de 0,18%, com destaque para a alimentação no domicílio, que caiu 0,43%. Itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%) contribuíram para o alívio. A queda é explicada pela melhora da safra, que aumentou a oferta de alimentos no país. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46%, após alta de 0,58% em maio.
Energia elétrica pressiona inflação: Apesar da trégua nos alimentos, a conta de luz subiu 2,96%, sendo o principal fator de pressão sobre o IPCA, com impacto de 0,12 ponto percentual. O motivo foi a entrada da bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Segundo o IBGE, sem a energia elétrica, o IPCA teria sido de apenas 0,13%. Reajustes em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro também influenciaram a alta.
Acumulado acima da meta: Mesmo com a desaceleração mensal, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,35%, acima do teto da meta do governo (4,5%) pelo sexto mês seguido. Em abril, esse acumulado havia atingido o pico do ano, com 5,53%.
O grupo Transportes teve alta de 0,27%, com impacto de 0,05 p.p.. Enquanto os combustíveis caíram 0,42%, o transporte por aplicativo subiu expressivos 13,77%, impulsionando o grupo.
Menor difusão desde 2024: O índice de difusão, que mede a proporção de itens com aumento de preços, ficou em 54% — o menor desde julho de 2024. Isso indica que menos itens contribuíram para a inflação, um sinal de alívio mais amplo.
INPC também recua:O INPC, que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, ficou em 0,23% em junho e acumula 5,18% em 12 meses. Com maior peso para alimentos (25%), o índice afeta diretamente o reajuste de salários de várias categorias, principalmente do setor público e de aposentadorias.
Veja o desempenho dos principais grupos em junho:
- Alimentação e bebidas: -0,18% (-0,04 p.p.)
- Habitação: 0,99% (0,15 p.p.)
- Transportes: 0,27% (0,05 p.p.)
- Vestuário: 0,75% (0,04 p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais: 0,07% (0,01 p.p.)
- Despesas pessoais: 0,23% (0,02 p.p.)
- Comunicação: 0,11% (0,01 p.p.)
- Artigos de residência: 0,08% (0,00 p.p.)
- Educação: 0,00% (0,00 p.p.)