Mesmo com a primeira queda nos preços dos alimentos em nove meses, o custo da energia elétrica e da habitação manteve o aperto no bolso das famílias. É o que mostra o novo boletim do Instituto Pacto Contra a Fome, com base no IPCA de junho.
O que diz o boletim
- O grupo Alimentação e Bebidas teve deflação de 0,18%.
- Ovos (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas como a laranja-pera (-9,19%) puxaram a queda.
- Motivos: safra recorde de grãos e valorização do real.
Mas há um peso do outro lado
- Habitação subiu 0,99%, puxada pela alta de 2,96% na conta de luz.
- Tarifas de água e esgoto subiram 0,59%.
- Para os mais pobres, são gastos incomprimíveis, sem margem de corte.
“O alívio nas gôndolas não significa que o orçamento parou de apertar”, diz Ricardo Mota, gerente do instituto.
A troca difícil: comer menos para pagar a luz
A análise alerta que a alta nos custos fixos pode forçar cortes na alimentação — mesmo com os alimentos mais baratos.
Itens básicos como arroz e feijão resistem, mas frutas e laticínios, mais sensíveis à renda, tendem a sair da mesa.
Cesta NEBIN recua, mas alerta segue ligado
A chamada “cesta ideal” de alimentos in natura e minimamente processados custou R$ 423 por pessoa em junho — abaixo dos R$ 441 de maio.
Mesmo assim, o instituto reforça: é preciso garantir renda e acesso para evitar que a inflação da moradia empurre famílias para a insegurança alimentar.
Por que importa
Segundo o Pacto Contra a Fome, é preciso considerar a inflação não só pelos índices gerais, mas pelos seus efeitos desiguais. A mesma taxa pesa mais em quem tem menos.
Saiba mais
O Instituto atua por meio de articulação, dados e incentivo a ações estruturais para erradicar a fome até 2030.
Mais informações: www.pactocontrafome.org.