
O que aconteceu
Depois de atingir o fundo do poço em fevereiro, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostra sinais consistentes de recuperação. Segundo pesquisas internas da Secretaria de Comunicação da Presidência, o petista virou o jogo ao adotar uma narrativa de enfrentamento ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos e ao sustentar uma ofensiva coordenada em torno da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Por que importa:
As duas medidas — o enfrentamento externo e o alívio fiscal — são vistas no Planalto como peças-chave da estratégia eleitoral de 2026. O discurso de soberania e o foco nos trabalhadores de renda média baixa têm potencial de ampliar a base popular de Lula e conquistar eleitores de centro.
Pix vira trincheira geopolítica:
A mais recente munição do Planalto veio de Washington. A gestão Trump abriu uma investigação formal contra o Brasil alegando práticas desleais em áreas como comércio digital, propriedade intelectual e, sobretudo, sistemas de pagamento eletrônico como o Pix, que virou fenômeno popular no Brasil.
Segundo o governo americano, o Pix oferece vantagens injustas para empresas brasileiras e dificulta a entrada de serviços concorrentes dos EUA. A investigação cita até a Rua 25 de Março, em São Paulo, como símbolo de comércio informal e pirataria. A avaliação no Planalto é que o ataque ao Pix — um sistema desenvolvido e operado pelo Banco Central brasileiro — será transformado em novo símbolo de identidade nacional e autonomia tecnológica.
O que dizem os aliados de Lula:
“Trump está dando aceno político para sua base conservadora. Mas isso nos dá o terreno perfeito para reafirmar a soberania brasileira. O Pix é nossa jabuticaba digital, e ninguém vai mexer nela”, resumiu um auxiliar próximo ao presidente.
Discurso pronto:
A estratégia do governo passa por reforçar que:
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A soberania digital do Brasil será defendida como a Amazônia ou o pré-sal
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O Pix democratizou o sistema financeiro e virou patrimônio da população
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Os ataques são motivados por interesses comerciais disfarçados de moralismo internacional
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Bolsonaro e seus filhos atuaram como “lobistas indiretos” da tarifa de Trump ao descredenciar o sistema brasileiro lá fora
Vá mais fundo:
A ofensiva de Lula tem como base três pilares:
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Rejeição à intromissão dos EUA — transformando a retórica antiimperialista em ativo eleitoral
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Justiça fiscal — isentando até R$ 5 mil e prometendo tributar “super ricos”
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Defesa de inovações brasileiras — como o Pix, agora alçado a símbolo de soberania tecnológica
Com isso, o Planalto pretende unir sua base tradicional (33%) com o eleitorado de centro (outros 33%), neutralizando os efeitos da queda de popularidade no primeiro semestre.
A próxima batalha:
A isenção do IR foi aprovada nesta quarta-feira (16) em comissão especial e será votada em agosto no plenário da Câmara. A expectativa é que o impacto dessa medida seja sentido nas próximas pesquisas, consolidando a inflexão positiva já observada.