“A covid-19 ainda está entre nós”, ressaltou a diretora técnica para Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, em uma coletiva em Genebra, na Suíça. A epidemiologista apontou que houve crescimento médio de pelo menos 10% no número de registros da doença em 84 países, fora os casos não notificados.
Um dos cenários mais preocupantes é o da Europa, onde o aumento foi de 20%. Os órgãos temiam um crescimento da doença no inverno do Hemisfério Norte, mas não durante o verão. Em Paris, por exemplo, ao menos 40 atletas dos Jogos Olímpicos testaram positivo para covid-19 ou outras doenças respiratórias.
Novas ondas têm sido registradas também nas Américas e no leste do Pacífico, enquanto a vacinação apresenta uma “queda alarmante”, de acordo com a porta-voz.
Aumento da covid-19 no Brasil
O último Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na sexta-feira, 2, aponta um maior número de hospitalizações por covid-19 entre os idosos em alguns estados do Nordeste, no Amazonas e em São Paulo.
Dentre os casos positivos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados em 2024, cerca de 18% foram causados pelo Sars-Cov-2, segundo a Fiocruz. Nas últimas quatro semanas, quatro capitais apresentaram crescimento nos casos de SRAG, Salvador (BA), Teresina (PI), Vitória (ES) e Florianópolis (SC), sendo 27,8% positivos para o coronavírus.
“Apesar desse aumento, as internações pela covid-19 ainda se mantêm em patamares baixos quando comparadas ao histórico de circulação do vírus causador da doença”, afirmou a instituição.
Retomada da vacinação
Mesmo com os números em crescimento, a OMS alerta para possíveis subnotificações. O monitoramento de águas residuais realizado pelo órgão sugere que a circulação do vírus possa ser de duas a 20 vezes maior do que o relatado atualmente. “Isso é importante porque o vírus continua a evoluir, o que nos coloca em risco de mutações mais perigosas”, ressaltou a porta-voz.
Para Maria Van Kerkhove, o quadro reforça a necessidade de retomada da vacinação, com doses de reforço anuais, principalmente para grupos de risco, como idosos, crianças e profissionais de saúde. “Como indivíduos, é importante tomar medidas para reduzir o risco de infecção e doenças graves, incluindo garantir que você tenha tomado uma dose da vacina contra covid-19 nos últimos 12 meses, especialmente se estiver em um grupo de risco”, enfatizou.
“Com uma cobertura tão baixa e com uma circulação tão alta, se tivéssemos uma variante mais grave, a suscetibilidade das populações em risco de desenvolver doenças graves seria enorme”, alertou.
Agência Estado