O fato: O Vaticano confirmou nesta segunda-feira (21) a morte do Papa Francisco. O pontífice faleceu às 7h35, no horário local, na Casa Santa Marta, residência oficial dos papas. O anúncio foi feito pelo Camerlengo, cardeal Kevin Farrell.
“Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja”, declarou o cardeal.
A morte acontece um dia após sua última aparição pública: na sacada da Basílica de São Pedro, durante a tradicional bênção de Páscoa “Urbi et Orbi”, em que deixou sua derradeira mensagem ao mundo.
“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, completou Farrell.
O primeiro papa das Américas: Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, entrou para a história em 2013 ao se tornar o primeiro pontífice das Américas e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica. Argentino, filho de imigrantes italianos, nasceu em Buenos Aires em 1936. Formado técnico em química, escolheu a vida sacerdotal ainda jovem. Foi ordenado em 1969 e nomeado cardeal em 2001 por João Paulo II.
Sua trajetória pastoral teve forte marca social: combate à pobreza, defesa dos marginalizados e crítica às desigualdades globais. Como arcebispo da capital argentina, Bergoglio criou um projeto missionário centrado na comunhão, na evangelização e na assistência aos doentes.
Um papado de transformações
Durante 11 anos de pontificado, Francisco liderou mudanças marcantes na Igreja:
- Nomeação histórica: Em 2025, colocou a freira Simona Brambilla à frente de um dos mais importantes gabinetes do Vaticano — o primeiro comando feminino de um dicastério da Cúria.
- Abertura pastoral: Autorizou, em 2023, a bênção a casais do mesmo sexo, ainda que fora dos rituais sacramentais.
- Canonização na Amazônia: Reconheceu, em 2024, um milagre atribuído ao padre José Allamano após a cura de um indígena yanomami atacado por uma onça em Roraima.
- Compromisso ambiental: Denunciou com firmeza os efeitos das mudanças climáticas. “A Terra está com febre. Ela está doente”, afirmou em uma de suas últimas falas públicas.
Apelos por paz em um mundo em guerra: Francisco também se destacou como voz global pela paz. Pediu cessar-fogo em conflitos como o da Ucrânia e os ataques em Gaza:
“Todas as nações têm o direito de existir em paz e em segurança… A soberania deve ser respeitada e garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra.”
Saúde frágil, liderança firme: Nos últimos anos, Francisco enfrentou sucessivos problemas de saúde: infecções respiratórias, uso de cadeira de rodas e internações prolongadas. Mesmo assim, manteve a rotina de compromissos e recusou renunciar ao cargo:
“Não tenho motivos sérios o suficiente para me fazerem pensar em desistir”, disse em 2024.
Ele sucedeu Bento XVI, que renunciou em 2013, e chegou a presidir seu funeral. Com a morte de Francisco, o trono de São Pedro fica novamente vacante. Um novo conclave será convocado nas próximas semanas para eleger o 267º papa da história da Igreja Católica.