Manchetes: Censo 2022 aponta que Fortaleza é a quarta capital mais populosa do Brasil, superando Salvador.
Verdade, mas o título perpassa a ideia de que a louríssima desposada do sol amentou a sua população. Muito pelo contrário. A quantidade de habitantes da Capital do Ceará caiu 1% em relação a 2010. Ou seja, a população está menor e, portanto, mais envelhecida.
Vejam detalhes
Fortaleza saiu de 2.452.185 habitantes em 2010 para 2.428.678 em 2022. Portanto, em 12 anos, a cidade perdeu 23.507 moradores. Um por cento a menos em 12 anos.
Fortaleza passou Salvador em número de habitantes. Sim, mas isso se deu por um único e exclusivo motivo: a Capital da Bahia perdeu quase 10% de seus moradores no intervalo entre o atual e o censo anterior.
Os números deveriam provocar uma grande reflexão tanto na academia, entre economistas e também na classe política, mas muito provavelmente a pasmaceira permanecerá.
Há muitas implicações nesse resultado. Implicações que vão muito além do óbvio envelhecimento da população. O decréscimo da população indica que o avassalador crescimento populacional verificados nas décadas anteriores já não se reproduz.
Nem o próprio IBGE percebeu o que estava acontecendo. Tanto que, em sua página sobre Fortaleza, o instituto aponta que a população estimada de Fortaleza em 2021 era de 2.703.391. Ou seja, quase 280 mil habitantes a mais do que o verificado em 2022.
Mais mortes, menos nascimentos
Mas, por qual motivo a população da Capital não cresceu? Um dos motivos, podem apostar, se relaciona com a imensa taxa de assassinatos que explodiu a partir do início da década de 2000. Quem morre? quase todos jovens e pobres, justamente a faixa populacional que mais colabora com a taxa de natalidade.
O fim do “pau de arara”
É muito provável que tenha caído significativamente as taxas de migrações internas que colaboraram com a explosão habitacional anterior. É natural que a expansão dos serviço de educação e saúde pública, além da melhoria das possibilidades econômicas e sociais tenha mantido no Interior a faixa de cearenses que antes costumava mudar-se para a Capital em busca de melhores condições e vida.
Qualidade em vez de quantidade
O resultado apurado pelo IBGE também tem forte impacto sobre os serviços públicos. É natural que diminua fortamente a necessidade de expandir na cidade os serviços de saúde e educação, por exemplo. Afinal, praticamente não há demanda por mais vagas nas escolas. Como também já há uma significativa rede de saúde e de assistência social. Sendo assim o alvo do setor público passa a ser a qualidade desses serviços, que permanecem muitíssimo aquém do que devemos esperar.
Decisão governamental
O fato é que os nossos investigadores acadêmicos, os nossos gestores públicos e privados, além da política (ano que vem haverá sucssão) precisam se debruçar sobre a questão aonta pelo Censo 2022. Há menor necessidade de estruturas públicas, não há demandas por saulas de aulas novas e, possivelmente, por novos hospitais e postos de saúde, mas falta esgoto para a metade dessa população. Então, qualidade na decisão governamental é a palavra chave.