O Focus Colloquium de hoje traz um tema essencial para o desenvolvimento social: o financiamento de projetos do terceiro setor e as leis de incentivo que permitem às empresas e pessoas físicas direcionarem parte de seus impostos para iniciativas sociais. Para essa conversa, recebemos Beatriz Gurgel (Bia Gurgel), especialista em captação de recursos e mobilização de investimentos para o impacto social.
O papel estratégico do contador
O financiamento do terceiro setor tem se diversificado, indo além das leis de incentivo fiscal. No entanto, um ator fundamental nesse processo ainda precisa de maior envolvimento: o contador.
“O contador é um braço estratégico para as empresas na área social. Ele pode orientar seus clientes sobre a possibilidade de destinar parte do imposto devido para projetos sociais e culturais, sem nenhum prejuízo financeiro para a empresa ou pessoa física. Mas ainda existe muita desinformação e resistência sobre esse tema”, explica Bia Gurgel.
Ela destaca que muitas empresas deixam de utilizar esse mecanismo por desconhecimento ou receio, mesmo quando já possuem um trabalho de responsabilidade social. Além disso, há um potencial inexplorado nas doações de pessoas físicas.
Os números impressionam
De acordo com dados da Receita Federal, se todas as empresas e cidadãos utilizassem o incentivo fiscal disponível, o volume de recursos investidos no terceiro setor poderia ser muito maior.
“No Ceará, por exemplo, a Receita estimava que o potencial de doação de pessoas físicas era de R$ 77 milhões há alguns anos. Hoje, já ultrapassa os R$ 200 milhões. Isso significa que, se mais pessoas tivessem conhecimento e segurança para doar, teríamos um cenário completamente diferente no financiamento do terceiro setor”, pontua Bia.
A chave para o avanço: sensibilização e cultura de doação
A mudança de cultura é essencial para destravar esse potencial. O Brasil já conta com movimentos como o Dia de Doar, em novembro, que busca estimular a cultura da doação no país. No entanto, o maior desafio ainda é levar informação qualificada para contadores e empresários, quebrando mitos sobre riscos fiscais e demonstrando que a transparência e o incentivo social são aliados da boa gestão empresarial.
“O contador bem informado pode ser um grande agente de transformação, ajudando seus clientes a direcionarem recursos para causas relevantes e fortalecendo o impacto social das empresas”, conclui Bia.
Vá mais fundo
O avanço do terceiro setor no Brasil passa pela profissionalização da captação de recursos e pelo uso inteligente dos incentivos fiscais. Se empresas e pessoas físicas utilizarem os mecanismos disponíveis, o financiamento de projetos sociais poderá alcançar um novo patamar. O papel do contador nesse processo é decisivo.