Projeto impulsiona Sertão Central, conecta Transnordestina e fortalece polo industrial do Pecém
O que aconteceu
O sertão cearense dá um salto de infraestrutura com o lançamento da pedra fundamental do Terminal Multimodal e Multipropósito de Cargas — o futuro Porto Seco José Dias de Macêdo, em Quixeramobim. O projeto é fruto de uma costura entre o Governo do Ceará, a Prefeitura de Quixeramobim e o grupo privado Value Global Group, que investirá R$ 1 bilhão em duas fases para transformar a região em um novo eixo logístico e industrial.
A cerimônia de lançamento, na segunda-feira (7), reuniu o governador Elmano de Freitas, o CEO do grupo investidor Ricardo Azevedo, secretários estaduais e o prefeito Cirilo Pimenta. Foi mais um gesto claro de que o Palácio da Abolição quer empurrar o desenvolvimento para além da faixa litorânea e da Região Metropolitana de Fortaleza.
Por que importa
Com área de 362 hectares, o Porto Seco vai operar como ponto de armazenagem e distribuição de cargas, integrado à ferrovia Transnordestina e ao Porto do Pecém. A aposta é destravar gargalos logísticos, reduzir custos e abrir caminho para novas indústrias no Sertão Central — região historicamente distante dos grandes investimentos produtivos.
A primeira fase, de R$ 350 milhões, deve gerar 1.300 empregos diretos até 2026. Já a segunda fase, com o alfandegamento junto à Receita Federal, ampliará o impacto para o comércio exterior até 2027. Para além do terminal, a família Macêdo cedeu mais mil hectares para implantação de um futuro distrito industrial.
Aspas
Elmano de Freitas (governador): “Estamos dando início a uma grande transformação de oportunidades e empregos para o povo do Sertão Central e do Ceará inteiro. Aqui, é a Transnordestina trazendo carga, um porto seco para distribuir e atrair empresas.”
Ricardo Azevedo (CEO do Value Global Group): “É o primeiro de cinco portos secos que vamos fazer no País. O investimento é 100% privado e com apoio total do Governo do Ceará.”
Domingos Filho (secretário do Desenvolvimento Econômico): “Quixeramobim vai contar com um grande terminal de importação, exportação e embarque de tudo que é produzido na região.”
Cirilo Pimenta (prefeito de Quixeramobim): “Um dos dias mais importantes da história do Sertão Central. Do estudo ao trabalho, vamos fazer o sertão crescer.”
Hub que nasce ligado aos trilhos
A aposta no Porto Seco só faz sentido ancorada na Transnordestina, maior obra de infraestrutura ferroviária do Nordeste, com 1.206 km de extensão. O trecho cearense — 608 km passando por 28 municípios — cria a espinha dorsal para escoar grãos, combustíveis e minérios da bacia leiteira e do agronegócio do Piauí até o Porto do Pecém, onde já opera um hub industrial de exportação.
Em junho, o Governo do Ceará assinou a ordem de serviço para o lote 8 da ferrovia, que ligará Quixadá a Baturité. Só restam dois lotes para chegar a Caucaia, de onde já está em obra o trecho de conexão com o Pecém. O objetivo é reduzir custos logísticos, encurtar distâncias e abrir novos corredores de competitividade para pequenos, médios e grandes produtores.
Vozes do sertão
Para quem vive no entorno, a expectativa é de impacto real na vida de quem planta, produz e sobrevive de pequenas economias locais. “Espero que beneficie a todos nós, principalmente quem menos tem condição”, diz Roberval Saraiva, produtor rural da comunidade São João Velho, a 10 km do futuro terminal.
Próximos passos
O modelo adotado em Quixeramobim pode ser replicado. O governo já estuda viabilizar portos secos em Missão Velha, no Cariri, e em Iguatu, no Centro-Sul. O movimento reforça a estratégia de Elmano, Camilo, Evandro e Guimarães de descentralizar o desenvolvimento, criando polos fora da capital e fortalecendo a base política no interior.
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