Prêmio Nobel diz que o Pix é o futuro do dinheiro – e por isso incomoda

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Em análise contundente, Paul Krugman — Prêmio Nobel de Economia e colunista do New York Times — volta seus olhos para o Brasil. Em artigo originalmente publicado no Substack, plataforma independente de newsletters e artigos de opinião, Krugman afirma com todas as letras: o Brasil está abrigando o futuro do dinheiro.

Enquanto os Estados Unidos barram até o debate sobre uma moeda digital pública, o Brasil avança com o Pix — um sistema que, segundo ele, já entrega o que as criptomoedas apenas prometeram: inclusão financeira, velocidade e baixos custos. Para Krugman, o sucesso do Pix revela o contraste entre a paralisia americana e a capacidade de inovação do Sul Global.

A seguir, os principais pontos do artigo de Krugman.

A Câmara dos Deputados dos EUA acaba de aprovar duas leis que revelam um medo profundo: a de que o Estado — e não os bancos — possa dominar o futuro dos pagamentos. Uma proíbe o banco central até de estudar moedas digitais. A outra, em nome dos “stablecoins”, pavimenta o caminho para novos golpes e crises.

Mas enquanto os republicanos criminalizam a ideia de um sistema financeiro digital operado pelo governo, um país do Sul Global já mostrou o que pode dar certo: o Brasil.

💸 A revolução que veio dos trópicos 

Em 2020, o Banco Central do Brasil lançou o Pix, um sistema de pagamentos instantâneos e gratuito para pessoas físicas. Ele não é cripto, nem privado. É estatal — e funciona.

📊 Hoje, 93% dos adultos brasileiros usam o Pix. Nos EUA, apenas 2% usaram criptomoedas para pagar algo em 2024.

Com ele, pagamentos são liquidados em 3 segundos (contra 2 dias para débito e 28 dias para crédito). Para empresas, o custo médio é de apenas 0,33% por transação. Cartões de crédito cobram mais de 2% — e ainda vêm com juros abusivos.

🇺🇸 Por que os EUA não têm (e talvez nunca terão) um Pix?

  1. Poder dos bancos:
    A indústria financeira americana não tolera competição. Um sistema público como o Pix desbancaria cartões e apps privados — e isso é inaceitável para os donos do dinheiro.
  2. Ideologia anti-Estado:
    Nos EUA, o governo é tratado como um inimigo por princípio. Um sistema eficiente gerido pelo Estado? Inaceitável para o conservadorismo que domina o Congresso.

🔍 O argumento da privacidade é um espantalho

Republicanos alegam que uma moeda digital controlada pelo banco central violaria a privacidade dos cidadãos. Mas esses mesmos políticos já entregaram dados de saúde do Medicaid ao ICE para caçar imigrantes. A preocupação real? Que as pessoas prefiram uma solução pública, eficiente e gratuita aos bancos e fintechs.

📉 Blockchain falhou. O Pix venceu.

Tudo o que os entusiastas do Bitcoin prometeram — inclusão financeira, baixos custos, agilidade — o Pix entregou sem precisar de criptografia, mineração ou promessas vazias.

Ah, e ninguém precisa ser sequestrado para revelar suas senhas de Pix.

📌 O que o mundo pode aprender com o Brasil

O caso brasileiro é mais que um sucesso técnico. É uma demonstração política de que interesses privados podem ser superados quando o Estado assume seu papel de garantidor do bem comum.

Talvez países com menor captura pelo capital financeiro sigam esse caminho. Já os EUA, ao que tudo indica, continuarão reféns de seus próprios delírios libertários e fantasias cripto.

Brasil, sem fazer alarde, criou o sistema financeiro do futuro. E o mundo começa a perceber.

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