O que está acontecendo: Em até dez dias, Executivo e Legislativo brasileiros planejam regularizar o uso de emendas de comissão no Orçamento da União. A meta é garantir que esses recursos sejam direcionados para projetos de interesse nacional ou regional, mediante acordo entre os dois poderes. Ou seja, dar transparência às emendas parlamentares e acabar com a obscuridade das chamadas emendas pix, que não deixam rastros de seu fluxo e uso.
Por que é importante: As emendas de comissão, que integram uma parcela significativa do orçamento, têm sido um ponto de discórdia sobre o uso adequado dos fundos públicos. Com R$ 49,2 bilhões designados para 2024, as emendas representam cerca de um quarto das despesas não obrigatórias.
Novas regras à vista: Durante uma reunião com representantes dos três poderes no STF, foi acordado que não haverá mudanças na obrigatoriedade das emendas individuais e de bancadas estaduais. No entanto, será proposta uma Emenda à Constituição para limitar o valor total das emendas parlamentares, para controlar o crescimento proporcional ao aumento da receita líquida.
Detalhes do acordo:
• Emendas de comissão e bancada estadual: Ambas necessitarão de aprovação após um acordo sobre projetos estruturantes entre o Executivo e o Legislativo.
• Emendas Pix: Será necessário apresentar um plano de trabalho e haverá obrigação de prestar contas ao Tribunal de Contas da União. Essa mudança visa aumentar a transparência e reduzir a possibilidade de mau uso dos recursos.
Perspectivas: Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, defende que as emendas não são inerentemente problemáticas, mas casos de má administração devem ser tratados como exceções. A regulamentação mais estrita é vista como um meio de fortalecer a fiscalização e garantir que os fundos sejam usados de forma eficaz e transparente.
Próximos passos: O relator do caso no STF, ministro Flávio Dino, aguardará as discussões entre os poderes Executivo e Legislativo antes de ré analisar as decisões preliminares. Enquanto isso, as novas diretrizes já começam a moldar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, que deve ser apresentado em breve pelo Executivo.
Controvérsia das “Emendas Pix” no Brasil
Contexto: As “emendas Pix”, uma modalidade de transferência especial direta de recursos para estados, o Distrito Federal e municípios, estão no centro de uma disputa judicial no Brasil. Esses repasses, parte das emendas parlamentares individuais, não exigem a formalização de convênios ou instrumentos semelhantes.
Por que são importantes: Classificadas como “RP6” no Orçamento, essas emendas têm pagamento obrigatório, o que significa que o governo deve executá-las conforme determinado pelo legislativo.
Desafio legal: O Supremo Tribunal Federal (STF) está questionando a constitucionalidade dessas emendas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) interveio, solicitando que o STF declare essa forma de transferência inconstitucional devido à falta de mecanismos de transparência e rastreabilidade.
Decisão recente: Em uma movimentação crítica, o ministro Flávio Dino do STF suspendeu todas as emendas impositivas até que se estabeleçam normas claras para garantir a transparência e o acompanhamento adequado dos fundos distribuídos. Fato que gerou a reunião entre representantes dos três poderes.
Ponto de vista: Assessoria técnica da Câmara dos Deputados preparou uma tabela ao gosto dos parlamentares mostrando quem perde com as mudanças a partir da decisão do STF que deu um freio na falta de transparência das chamadas emendas Pix. Veja abaixo.