Por Fábio Campos
fabiocampos@focuspoder.com.br
As direções dos hospitais cearenses que estão na frente de batalha contra o Covid-19 receberam uma “proposição” para que os profissionais de saúde façam uso profilático da hidroxicloroquina associada ao zinco. A ideia é criar uma proteção do exército que está diretamente envolvido com os pacientes. O documento é assinado pelos médicos e respeitados professores do curso de Medicina da UFC, Maria Elisabete Amaral de Moraes, Odorico de Moraes e Anastácio de Queiroz Sousa.
O documento ao qual Focus tece acesso recebeu a denominação de “Proposta de esquema profilático para profissionais de saúde assintomáticos envolvidos no tratamento de casos suspeitos ou confirmados da Covid-19”.
“É óbvio que uma sugestão dessa natureza logo se espalharia, como se espalhou, pelas redes sociais. Hoje, dia 3 de abril, já existem dois ensaios clínicos, um nos Estados Unidos e outro no Canadá testando o uso profilático de hidroxicloroquina em profissionais da saúde, o que reforça a nossa proposta. Ou seja, estamos no caminho certo”, escreveu o médico Odorico Moraes em seu Facebook.
No entanto, o médico, titular de Farmacologia Clínica da Faculdade de Medicina da UFC e diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos, afirma que são necessários alguns esclarecimentos. Veja abaixo.
1. É preciso ler a proposta antes de emitir qualquer juízo de valor. Muitos colegas têm feito comentários absurdos sem sequer ler o que está escrito;
2. Em primeiro lugar é importante ressaltar que PROPOSTA significa SUGESTÃO;
3. Portanto, trata-se apenas de uma sugestão e não de um guideline (orientação) a ser seguido;
4. A ideia da proposta surgiu das observações do crescente número de profissionais da saúde em todo o mundo, inclusive em Fortaleza, excluídos do combate a COVID-19 por terem sido contaminados pelo SARS-CoV-2;
5. Devido a urgência de prevenir a COVID-19 nos profissionais de saúde resolvemos lançar de início uma proposta e não um ensaio clínico;
6. Breve, iniciaremos um ensaio clínico para avaliar a nossa proposição;
7. Não estamos propondo uma terapêutica paliativa ou curativa;
8. É apenas uma PROPOSTA de terapêutica profilática para profissionais da saúde em exposição ao risco de contaminação pelo SARS-CoV-2;
9. No momento, muitos só se preocupam com respiradores, estrutura física e leitos hospitalares. Nós nos preocupamos com a vida dos profissionais da saúde;
10. Nos preocupa também um possível colapso no atendimento dos pacientes pela falta de profissionais da saúde acometidos pela COVID-19, principalmente intensivistas;
11. O número de médicos e enfermeiros intensivistas é muito limitado. Por isso, poderíamos ter graves problemas nas UTIs se houvesse uma drástica redução de médicos e enfermeiros intensivistas;
12. A Hidroxicloroquina é um fármaco seguro usado há mais de 75 anos;
13. Mesmo assim, para a segurança dos profissionais da saúde que façam uso da medicação, a proposta apresenta as precauções que devem ser adotadas antes do início e durante a terapêutica profilática;
14. A proposta aplica-se SOMENTE para profissionais da saúde que estejam na linha de frente de combate a COVID-19 com risco de contaminação;
15. A proposta NÃO se aplica a outros grupos de risco ou mesmo de profissionais da saúde que não estejam na linha de frente de combate a COVID-19 com risco de contaminação;
16. Hoje já existem duas pesquisas clínicas, uma nos Estados Unidos (https://www.henryford.com/hcp/clinical-trials) e outra no Canadá (https://www.covid-19research.ca/home), avaliando o uso profilático da Hidroxicloroquina na COVID-19;
17. O interesse em comprovar a eficácia do uso profilático através das pesquisas acima reforça a nossa sugestão que está lastreada numa bibliografia sólida e com resultados estatisticamente significativos sobre os efeitos da hidroxicloroquina e do zinco na COVID-19;
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