
O fato: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (10) a aplicação de uma sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, elevando o percentual dos 10% estabelecidos em 2018, durante seu primeiro mandato. A medida atinge todos os países exportadores, incluindo o Brasil, segundo maior fornecedor dessas commodities para o mercado norte-americano.
Impacto nas exportações brasileiras: Em 2024, as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA atingiram um recorde histórico de mais de US$ 6 bilhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Atualmente, 48% do ferro e aço exportados pelo Brasil têm os Estados Unidos como destino.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) avalia que a sobretaxa pode gerar impactos negativos para a economia brasileira. No entanto, a entidade ressalta que, por se tratar de uma medida global, a concorrência entre os países exportadores tende a permanecer equilibrada.
O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, acredita que o Brasil pode obter concessões, como ocorreu na primeira gestão de Trump. Ele destaca que grande parte das exportações brasileiras envolve produtos semi-elaborados, que passam por processos de industrialização nos EUA, muitas vezes em empresas coligadas a companhias brasileiras.
Possível retaliação do Brasil: O governo brasileiro já avalia medidas de resposta à decisão de Trump. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista a rádios mineiras na última quarta-feira (5), que aplicará o princípio da reciprocidade caso produtos brasileiros sejam taxados pelos EUA.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) permite a imposição de tarifas de até 35% sobre produtos importados. Lula defendeu que a melhor solução seria um acordo para redução mútua das tarifas, mas garantiu que o Brasil não deixará de reagir caso as sobretaxas se mantenham.
Segundo informações divulgadas pelo portal UOL no sábado (8), o governo brasileiro já estuda uma lista de produtos e setores que podem ser alvo de retaliação, incluindo itens da indústria digital. Enquanto isso, o Itamaraty sinaliza que adotará uma postura pragmática, evitando o agravamento da crise comercial, mas sem abrir mão de uma resposta firme.