TST gasta R$ 1,5 milhão em sala VIP no aeroporto para isolar ministos de “indivíduos inconvenientes”

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Acordo firmado sem licitação prevê conforto e exclusividade para os ministros do Tribunal Superior do Trabalho, com uso de verba pública. Ministério Público junto ao TCU pede suspensão.

O que aconteceu

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) assinou, em abril de 2025, um contrato no valor de R$ 1,5 milhão com a Inframérica, concessionária do Aeroporto Internacional de Brasília, para instalação e uso de uma sala VIP exclusiva para os 27 ministros do órgão.

O espaço, de 44 m², será construído em área antes ocupada por um spa, e contará com acabamento em granito, banheiros privativos e recepção individualizada. Segundo o TST, o objetivo é garantir embarque e desembarque mais seguros e organizados para as autoridades, com menor exposição ao público.


Os custos em detalhes

  • Aluguel mensal: R$ 30.000

  • Rateio de despesas fixas mensais: R$ 2.600

  • Obra de adaptação: R$ 85.000 (sem incluir mobiliário)

  • Serviço de recepcionista exclusivo: R$ 284 por atendimento

  • Transporte executivo até a aeronave: R$ 144 por uso

O espaço contará, segundo croquis anexados ao processo, com sofás, televisão, tapeçaria, banheiro privativo, copa e itens de escritório, ainda que o mobiliário não esteja previsto no contrato inicial.


Justificativas do TST

Em nota oficial, o tribunal afirmou que a contratação seguiu a Lei 14.133/2021, nova Lei de Licitações, que permite dispensa de concorrência pública para determinados contratos, inclusive por valor e por especificidade da prestação de serviço.

A principal alegação é segurança:

“A forma atual dos embarques propicia a aproximação de indivíduos mal intencionados ou inconvenientes, o que expõe esses dignitários a riscos evitáveis.”
Estudo técnico preliminar do TST

Além disso, o TST argumenta que o local fica em área restrita, exigindo credenciamento e treinamento conforme normas da Anac.


Reação do Ministério Público junto ao TCU

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) apresentou, nesta quinta-feira (8), representação formal solicitando a investigação da legalidade, legitimidade e economicidade da contratação. Pede também medida cautelar para suspender a obra imediatamente até a apuração dos fatos.

Segundo o MPTCU:

“O uso de recursos públicos para financiar benefícios exclusivos como transporte privativo e atendimento individualizado não parece atender ao princípio da impessoalidade.”


Comparações com outros tribunais

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também possuem salas VIP próprias no Aeroporto de Brasília, alegando razões de segurança para seus membros. No entanto, o MPTCU adverte que cada caso precisa de análise individual, considerando:

  • Justificativa técnica

  • Razoabilidade do custo

  • Interesse público envolvido


Próximos passos

O Tribunal de Contas da União (TCU) avaliará se acata o pedido do MPTCU para suspensão imediata das obras, já em andamento, e iniciará auditoria para apurar a contratação direta com a Inframérica.


Por que importa

A contratação amplia o debate sobre os privilégios do Judiciário e uso de dinheiro público, em um contexto de pressões por austeridade e maior controle de gastos nos Três Poderes. Com o aumento da visibilidade e dos salários do alto escalão do serviço público, casos como este alimentam questionamentos sobre os limites entre segurança institucional e privilégios indevidos.

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