
O que está acontecendo
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo STF a 10 anos de prisão, foi localizada pela polícia italiana em Roma, no sexto andar de um prédio nos arredores do Vaticano. Segundo o Ministério da Justiça brasileiro, ela foi presa. Para sua defesa, tratou-se apenas de uma condução à delegacia para prestar informações.
Por que importa
Zambelli está foragida desde que o ministro Alexandre de Moraes decretou sua prisão preventiva, em junho. A parlamentar fugiu do Brasil antes da ordem ser oficializada e seguiu para os Estados Unidos, de onde embarcou para a Itália. Com cidadania italiana, passou a constar na lista vermelha da Interpol e provocou um impasse jurídico-diplomático entre os dois países.
A trajetória da fuga
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Foi condenada pelo STF por contratar um hacker que invadiu o sistema do CNJ.
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A decisão também determinou a perda do mandato, ainda pendente de cassação formal pela Câmara.
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Munida de documentos italianos, viajou antes da ordem de prisão.
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Foi rastreada pela Digos após tentativas frustradas de localizá-la em Siena e na região da Campânia.
Zambelli e o vínculo com o Ceará
A deputada é casada com o coronel da reserva Aginaldo Oliveira, cearense e ex-comandante da Força Nacional. O vínculo com o Ceará foi decisivo para sua inserção no núcleo duro do bolsonarismo ligado à área de segurança pública. Aginaldo é figura conhecida no setor, tendo liderado operações federais de grande porte e mantido relações políticas com militares e parlamentares conservadores da região.
Sua conexão com setores armados do Estado e a experiência como oficial reforçaram a imagem de Zambelli como voz da “linha dura” no Congresso, especialmente durante a gestão de Jair Bolsonaro.
A frase da defesa
“Ela aguardava apenas o pedido formal das autoridades italianas para se apresentar.” — Fábio Pagnozzi, advogado de Zambelli.
O cenário político
Mesmo após a condenação, Zambelli seguia publicando vídeos e textos pelas redes sociais por meio de uma nova conta, em desobediência à ordem do STF. Refere-se à sua estada em solo europeu como “exílio” e segue fazendo ataques às instituições brasileiras, especialmente ao Supremo.
A cassação do mandato tramita na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas ainda não foi votada em plenário.
O que vem agora
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A extradição dependerá da formalização do pedido pelo Brasil e da decisão da Justiça italiana.
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A cidadania europeia pode dificultar o processo.
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A Câmara deve ser pressionada a encerrar o caso de cassação.
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A defesa pode alegar perseguição política, com base na retórica já usada por Zambelli.
A frase que resume
Entre o Vaticano e a Interpol, Zambelli virou peça de um jogo internacional — mas sua queda ainda depende do Brasil.