Por que a China e Taiwan não são tão distantes de nós? Por Vanilo de Carvalho

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Por Vanilo de Carvalho
Post convidado

Nestes tempos de conflitos mundiais, parece que escolhemos nos concentrar na guerra ou tensão internacional que chama mais a nossa atenção no momento.

O excesso de imagens e de informações imediatas nos faz esquecer outras áreas de grande tensão, que, apesar de distantes, têm o potencial de impactar o mundo inteiro. Uma dessas áreas de risco é o conflito não armado entre a China e Taiwan, no Oriente.

Esse embate ultrapassa a geografia, envolvendo profundos aspectos políticos e econômicos, e sua relevância não pode ser ignorada, especialmente para nós, do Sul Global.

A China, uma das civilizações mais antigas, com mais de quatro mil anos de história, experimentou um enorme crescimento desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Hoje, é a segunda maior potência mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB) e um dos maiores influenciadores na política internacional. Além disso, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, o que faz com que sua estabilidade seja importante para a economia brasileira.

Com mais de um bilhão de habitantes, uma tecnologia avançada e um poderoso setor industrial, a China tem uma crescente influência em organizações internacionais. É uma nação com um sistema político comunista autoritário e uma política externa assertiva, visando consolidar seu lugar de poder no cenário global.

Taiwan, por sua vez, oficialmente chamada de República da China, é uma ilha localizada a sudeste da China continental.

Taipei, Taiwan, Cidade. Imagem: Pixabay

Desde 1949, após a guerra civil chinesa, o governo nacionalista chinês se refugiou em Taiwan, estabelecendo um regime separado do governo comunista na China continental.

Taiwan desenvolveu uma identidade política própria e é considerada uma democracia liberal, com uma economia de mercado avançada.

Apesar de não ser reconhecida pela China como um Estado soberano, Taiwan possui um governo próprio e é internacionalmente conhecida por sua indústria tecnológica. A produção de microchips, por exemplo, coloca Taiwan como um dos principais fornecedores de componentes essenciais para eletrônicos no mundo inteiro.

O conflito entre China e Taiwan é exacerbado por um fator externo de grande peso: os Estados Unidos.

Como a maior potência econômica e militar, os EUA mantêm laços diplomáticos e militares com Taiwan, defendendo-a como uma nação soberana.

Esse apoio norte-americano aumenta as tensões com a China, que jamais abriu mão de sua reivindicação sobre Taiwan, considerando a ilha uma “província rebelde”.

Atualmente, existe um consenso entre analistas de que a probabilidade de um conflito militar é real e iminente. Esse cenário preocupante poderia envolver diretamente não apenas a China e Taiwan, mas também os EUA, Japão e até a Rússia, o que resultaria em um conflito de enormes proporções.

As consequências de tal guerra seriam catastróficas, não só no sentido humanitário, mas também econômico, com uma possível ameaça nuclear que traria riscos incalculáveis.

Além disso, a importância de Taiwan na produção de microchips e tecnologias avançadas significa que qualquer instabilidade na ilha impactaria diretamente as cadeias globais de suprimentos.

Esses produtos são essenciais para indústrias ao redor do mundo, desde smartphones até veículos e computadores.

Assim, uma interrupção ou crise no fornecimento desses produtos causaria aumento de preços e escassez, afetando economias em todos os continentes, inclusive a nossa.

A interdependência econômica entre as nações e a importância estratégica de Taiwan no fornecimento de componentes vitais fazem com que o conflito entre China e Taiwan seja algo que nos afeta diretamente.

Caso ocorra uma guerra, não apenas a Ásia estaria em risco, mas todo o sistema financeiro e produtivo global seria abalado.

O Brasil, como importador de produtos tecnológicos e parceiro comercial da China, sofreria os impactos dessa ruptura nas cadeias de produção e exportação.

Diante dessa complexidade, a situação de Taiwan e China não pode ser ignorada.

É necessário buscar soluções diplomáticas que evitem uma escalada militar, promovendo o diálogo e prevenindo o confronto direto. Afinal, como vemos, esse conflito está muito mais próximo de nós do que imaginamos. Ele exemplifica como, em um mundo globalizado, crises locais rapidamente assumem uma escala internacional, afetando a todos de maneira significativa.

O Brasil e outras nações do Sul Global precisam estar atentos e informados sobre essas tensões para se posicionar de forma consciente e proteger seus próprios interesses em um cenário de possíveis mudanças geopolíticas.

Vanilo de Carvalho é Advogado, Professor Universitário, Presidente da Academia Brasileira de Cultura Jurídica, Especialista em EduEspecialista em Direito Constitucional, mestre em Negócios Internacionais, membro da Academia Brasileira de Hagiologia, ex-Presidente da Escola Superior de Advocacia, ex-conselheiro da Oab, ex-membro da Comissão Nacional do Exame de Ordem, ex-membro da Comissão Nacional de Ensino Jurídico, Advogado-Professor Padrão/OABce, membro do Conselho Executivo do Museu Histórico da Oab, Especialista em Direito Educacional, Procurador do Superior Tribunal Desportista, Presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, escritor e humanista

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