O fato: Dados da Serasa Experian divulgados nesta terça-feira mostram que os pedidos de recuperação judicial no agronegócio, que incluem produtores pessoa física, jurídica e empresas relacionadas ao setor, caíram 40,7% no terceiro trimestre de 2024 (3T24) em comparação ao segundo trimestre. O total de solicitações recuou para 254.
Análise do cenário: Segundo Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, a queda é “animadora”, embora demande uma análise cuidadosa, considerando o contexto econômico. Para Pimenta, houve um represamento de pedidos no segundo trimestre, que inflou os números daquele período, impactando a comparação trimestral. Ele reforça que é necessário observar os próximos meses para conclusões mais assertivas, dado que a economia não costuma apresentar grandes mudanças em curtos períodos.
Comparativo anual e fatores de pressão: Apesar da queda trimestral, os pedidos mais do que dobraram em relação ao terceiro trimestre de 2023, quando foram registrados 123 pedidos. Entre os fatores que pressionaram o setor, estão a baixa nos preços de commodities agrícolas como soja e milho, além de eventos climáticos severos no início de 2024, taxas de juros elevadas e aumento nos custos de produção. O Banco do Brasil, maior financiador do setor, alertou sobre possíveis abusos no uso do mecanismo de recuperação judicial, ressaltando o risco de ruptura econômica para os produtores rurais que utilizam esse instrumento.
Dados: A retração foi significativa em diferentes grupos dentro do agronegócio:
•Produtores pessoa física: Pedidos recuaram 50,4%, totalizando 106 solicitações no 3T24.
•Produtores pessoa jurídica: Houve uma queda de 121 para 92 pedidos entre o segundo e o terceiro trimestres.
•Empresas do setor: O número de solicitações de recuperação judicial recuou 40,4%, com um total de 56 pedidos.
Análise do crédito no setor: Pimenta enfatizou a importância de avaliações rigorosas na concessão de crédito para o agronegócio, o que, segundo ele, protege o mercado e reduz os riscos financeiros no setor. Essa análise criteriosa, segundo o executivo, ajuda a fomentar a regulamentação da saúde financeira no agronegócio, evitando financiamentos a perfis economicamente instáveis.