
Entre quinta e sábado, a cena política da capital foi quase hegemonizada pelas movimentações de políticos do PDT, iniciadas com a nota publicada pelo deputado federal André Figueiredo (que apontava para uma “neutralidade partidária” e respeitava os “posicionamentos individuais” dos demais), passando pela publicização do posicionamento do prefeito Sarto e culminando surpreendentemente com o apoio formalizado de Roberto Cláudio. Isso sem esquecer, obviamente, da declaração de apoio e da presença de deputados estaduais no “bloco do 22” na noite da sexta, todos com largo sorriso nos rostos.
Não há que se falar em “neutralidade” quando, por certo, o presidente do PDT sabia muito bem qual seria o posicionamento “individual” de quase todos em seu derredor, que, com sua “neutralidade” estavam livres para dar seu apoio àquele em quem tanto bateram no primeiro turno, alcunhando-o como “filhote de Bolsonaro”.
O PDT faz, assim, o contrário do que fizera o PT em 2020: mesmo a contragosto, com as inúmeras críticas ao partido e a Lula que Ciro fizera em 2018, com a viagem a Paris, com os ataques à Luizianne em 2020 – mesmo com tudo isso, víamos, quatro anos atrás, um apoio “crítico” do PT a José Sarto, candidato dos sonhos de Ciro Gomes.
Agora, pós-rusgas de 2022, o PDT opta por derrotar, com muita “neutralidade”, o candidato do PT, ex-correligionário; ou melhor, opta por derrotar Camilo Santana e sua pretensão de constituir-se como novo chefe da política estadual.
Mas, há uma imponderável aí: será mesmo que o PDT ignora o fato de, com a possível vitória de André, ou mesmo com sua derrota, quem fará frente oposicionista a Camilo e seu grupo é o PL e a direita, e não os ex-sócios do conglomerado governista? Estará faltando virtù aos homens que decidem os rumos do PDT no estado?