As grandes tragédias do fim do ano me sugerem um comentário. O que há de comum entre a colisão da carreta com um ônibus em um trecho de uma rodovia federal em MG e a ponte desabada que ligava os estados do Maranhão e Tocantins?
Pontos comuns
1 – a deficiente fiscalização por parte da PRF. O trecho onde houve o acidente estava sem os radares. O motorista da carreta tinha a CNH cassada há dois anos.
2 – A característica e o peso das cargas na estrada e na ponte. Ao que tudo indica a carreta levava uma tonelagem de granito acima do contido no documento correspondente. Portanto a ser assim provavelmente superior ao permitido pela legislação. A ponte estava com sua estrutura comprometida, coisa do conhecimento do DNIT. No momento do desabamento passavam pela ponte duas carretas que somadas levavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e agrotóxicos, cargas perigosas. Por que o órgão responsável não limitou o peso das cargas transportadas pela ponte enquanto buscava uma solução definitiva para o problema?
3 – Há informações de que licitações realizadas nos dois casos não foram conclusivas. Diante dos perigos iminentes por que não recorreu o DNIT ao contrato direto, mediante a dispensa de licitação?
4 – Como especulação, sobre o avião que caiu em Gramado dizimando uma família, cabe esclarecer quanto a participação do aeroporto de Canela na tragédia. Em condições de voo tão desfavoráveis a autorização para decolar teria sido temerária? O piloto voaria por instrumento ou o voo seria visual? Há estatísticas que mostram um aumento considerável de acidentes aéreos no Brasil o que exige uma análise das instâncias envolvidas na formação e acompanhamento profissional de pilotos e nas etapas de controle de voos.
É frequente dizer-se que “o brasileiro só fecha a porta depois de roubado”. Nos casos a que nos reportamos, se houver alguma providência efetiva para evitar a repetição de tão dolorosas tragédias, poderemos dizer que o brasileiro “só fecha a porta depois de muitas e recorrentes mortes”.