Em alguns dias, as eleições municipais deixarão de ser preocupação apenas da classe política e dos analistas e passarão a compor o cotidiano de milhões de brasileiros, quando as campanhas tomarão, oficialmente, as ruas, rádio, TV e redes sociais.
O assunto passará a ser: quem governará minha cidade?
Essa pergunta é essencial: deve interessar a cada um de nós, eleitores, uma campanha cada vez mais assentada nos desafios, problemas e potencialidades da cidade em que habitamos e trabalhamos.
Nada de pânicos morais fantasiosos ou polarizações ideológicas que resultam em interesses particulares bastante personalistas podem dar o tom das caríssimas campanhas bancadas pelo erário via fundos partidário e eleitoral.
É a cidade o que deve interessar!
A eleição que se aproxima marca uma dupla “normalidade”: ela voltará ao mês de outubro, uma vez que em 2020 teve de ser deslocada para novembro, por conta da pandemia de Covid-19; além disso, há uma busca desenfreada pela “competição” que se avizinha, sobretudo por parte daqueles que, em 2022, mobilizavam suas bases eleitorais contra as urnas, o TSE e “todo o sistema” (agora, marcham em busca da vitória “nas urnas” e com a chancela do Tribunal).
A política tem seus ritos, dos quais o mais significativo é a eleição, rito por meio do qual “um sujeito vale um voto”. Todos iguais perante o voto. A escolha de cada um junta-se para formar a coletividade interpelada pela categoria “povo”. Os acordos de bastidores e de palanques nada valeriam sem a confirmação do eleitor.
Promessas as mais diversas tomarão a forma da sedução legítima; ataques a adversários se potencializarão com as tecnologias digitais. Problemas serão debatidos, manipulados ou mesmo esquecidos. Imagens-marca de grupos, partidos e sujeitos circularão junto de qualificativos que já conhecemos: homem/mulher do povo, traidor, democrata, gente de bem, digno de confiança, nosso candidato etc. É a festa da eleição e suas gramáticas.
Em Fortaleza, desenha-se uma disputa de alta competitividade: ao menos quatro candidaturas dão mostras de que irão concentrar os votos majoritários, buscando legitimar a força político-eleitoral que controlam:
André Fernandes (PL), em busca de ampliar os 106 mil votos (7,6%) que teve na cidade em 2022 para a Câmara Federal, aproximando-se ao máximo dos 670 mil votos que Bolsonaro teve na cidade, desta vez contando com a ajuda (e com as preces?) de evangélicos e católicos carismáticos) e com a plataforma de 44 candidatos a vereador pelo PL.
Evandro Leitão (PT) e o peso da máquina estadual, tentando repetir a tradição que elegeu os dois últimos prefeitos (indo da Presidência da ALECE ao Paço Municipal) e em busca da repetição da “graça eleitoral” que pode emanar da “trindade” Lula-Camilo-Elmano.
José Sarto (PDT), o prefeito, que, novamente de mãos dadas com o ex-prefeito por dois mandatos, Roberto Claúdio, tenta se legitimar como o “prefeito-zoeiro” que levou a “prefs” a fazer coisas “pela primeira vez”.
Capitão Wagner (União Brasil) que, desta vez sem parte do grupo que o apoiou nas duas últimas eleições, tentará manter a força política que costuma ter nos momentos iniciais e se credenciar como um político com força própria.
Quem será o grande vitorioso no empreedimento da convicção do eleitor fortalezense? A ver!
Analistas, caciques políticos, governo estadual e governo federal, a oposição nacional e, em especial, os partidos políticos aguardam, ansiosamente, o resultado das urnas. Talvez, até mais do que os nobres cidadãos, que vão tocando suas vidas. Sem eles, porém, nada disso teria razão de ser!
Que a eleição de 2024 possa marcar, de fato, uma virada política em busca do que importa, e do que deve importar: o interesse do cidadão.