O Brasil, graças aos democratas que lutaram pela redemocratização do país, vivenciou um período de intensa cidadania em outubro. Como se não bastasse, muitos brasileiros acompanharam o cotidiano eleitoral dos Estados Unidos. Nos últimos dias, lemos e ouvimos boas análises e outras, nem tanto, sobre as últimas eleições.
É necessário destacar o bom senso dos derrotados que acataram o resultado das urnas, o que nem sempre ocorreu-basta lembrar o comportamento de Bolsonaro em 2022, ou mesmo do próprio Trump em 2020. É preciso registrar a competência e agilidade da justiça eleitoral brasileira, para descontentamento daqueles que perpetuam o velho ‘complexo de vira-lata’, que sempre acham que o Tio Sam é melhor que o Brasil em tudo. O fato é que a jovem democracia brasileira está consolidando-se e devemos evitar retrocessos.
As eleições cearenses foram acompanhadas com lupa pela imprensa nacional. O resultado catapultou o ministro Camilo Santana como liderança nacional, fato comprovado pelas inúmeras entrevistas e análises de comentaristas políticos; afinal foi o único membro do PT do primeiro escalão que elegeu um prefeito de capital do seu partido. A eleição apertada de Evandro Leitão obriga a todos os partidos e lideranças que o apoiaram a uma profunda reflexão.
A vitória não foi apenas do PT, nem dos partidos aliados, mas da maioria da população que acreditou em suas propostas e na capacidade de ele liderar a gestão da quarta mais populosa cidade brasileira e que, daqui a dois anos, completará trezentos anos que foi alçada à vila pela monarquia portuguesa. É um desafio imenso, mas sei que está a altura de Evandro e Gabriela.
Terá que ser uma administração disruptiva, mudancista, pois assim exigiu o cidadão fortalezense pelo resultado das urnas. O prefeito eleito terá que realizar uma gestão efetivamente participativa, dando voz aos movimentos, associações, clubes de serviço, instituições classistas e, sobretudo, criar mecanismos de participação para aqueles que, apesar de eleitores, são geralmente esquecidos durante os governos.
As promessas de integração nas mais diversas políticas públicas, com ênfase na segurança, com os governos estadual e federal, tão discutidas na campanha, terão que ter eficácia. Há uma oportunidade de envolver as universidades, entidades empresariais e de trabalhadores nas soluções de inúmeros entraves que ainda existem na cidade. Há bons exemplos que podem ser seguidos ou aperfeiçoados, envolvendo sempre os territórios na solução de seus problemas, descentralizando a administração, conforme anunciado.
Fortaleza se tornará mais verde, limpa, bem cuidada e com atrativos para os fortalezenses e turistas que nos visitam. Mas é necessário ser a capital das oportunidades e da redução das desigualdades que nos afrontam; para isso, educação, saúde e uma boa política habitacional será fundamental.
A grande votação do adversário não foi apenas de bolsonaristas, mas de um amplo setor de precarizados, insatisfeitos com os governos; da juventude periférica que não se sente contemplada com o que já lhe foi oferecido, de evangélicos que precisam ser compreendidos em suas demandas, de empreendedores que não se veem nos orçamentos públicos.
Os desafios são gigantescos, mas as possibilidades são grandiosas, pois poucas vezes na história de Fortaleza, o prefeito contou com os três níveis de governo, com a maioria dos vereadores eleitos, com a adesão de setores relevantes e, sobretudo, com a maioria incontestável da população.
Como o prefeito eleito já declarou, agora não há mais candidato, e que governará para todos. Pelo histórico de Evandro, os fortalezenses aguardam uma gestão participativa, inclusiva e voltada, sobretudo, para os que mais precisam. Como o slogan da campanha exclamava ‘juntos somos mais fortes’.