
O governo Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para agir diretamente sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar conter a articulação pela votação do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro — iniciativa que pode favorecer Jair Bolsonaro. Foi o que apurou o Focus Poder. com base no noticiário e em informações confidenciais.
O pano de fundo:
A pressão cresceu no Congresso para que o tema entre em pauta logo após o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal, previsto para terminar no dia 12. A avaliação no Planalto é que o movimento sinaliza uma transição: parte do Centrão estaria rifando Bolsonaro para abraçar a candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Alcolumbre em campo:
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), articula um texto alternativo que diferencia quem financiou e quem apenas esteve presente nos atos de 8 de janeiro, sem vandalismo. Ele é contra a proposta da Câmara, bancada por bolsonaristas, que poderia beneficiar diretamente Bolsonaro.
Estratégia do Planalto:
Auxiliares de Lula querem esvaziar a pauta da anistia, lembrando que a Casa tem matérias consideradas “positivas” a votar, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança. Também veem a anistia como fragilidade para Hugo Motta, que já carrega outros textos polêmicos — como a PEC da Blindagem Parlamentar e o projeto que aumenta o número de deputados.
Tarcísio na ofensiva:
O governador de São Paulo entrou de cabeça no tema. Reuniu-se em Brasília com Hugo Motta e Marcos Pereira, presidente do Republicanos, para acelerar a votação e declarou que concederia indulto a Bolsonaro como “primeiro ato” de um eventual governo. A fala veio após críticas públicas de Eduardo e Carlos Bolsonaro, que veem na articulação uma guinada do campo conservador em direção a uma chapa de centro-direita para 2026.
Por que importa:
O Planalto interpreta a pressão por pautar a anistia como um recado claro do Centrão à oposição: com Bolsonaro sob risco de inelegibilidade, o bloco quer fortalecer Tarcísio como nome viável para enfrentar Lula em 2026.