
O fato: A Justiça Eleitoral cassou o mandato da vereadora Professora Lorena (PRD), eleita em 2024 com 1.723 votos em Canindé. A decisão foi proferida pela juíza Rhaila Carvalho Said, da 33ª Zona Eleitoral, que também declarou a parlamentar inelegível por oito anos. A sentença é resultado de um processo que apurou um esquema de compra de votos durante a campanha.
R$ 56 mil em espécie e kits de higiene: Segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), buscas realizadas em setembro do ano passado na residência da então candidata revelaram um cenário de irregularidades. Foram apreendidos R$ 56.160,00 em dinheiro vivo, além de materiais de campanha, medicamentos e kits de higiene.
A investigação apontou que os produtos seriam utilizados para cooptar eleitores, em troca de votos ou apoio político. Também foi localizado um caderno com nomes de eleitores, valores supostamente prometidos a cada um e seus respectivos locais de votação.
Relatos de distribuição sistemática: Policiais que participaram da ação relataram uma movimentação intensa no imóvel, com pessoas entrando e saindo com sacolas, o que reforçou a suspeita de distribuição de dinheiro e benefícios materiais durante a campanha. O MPE classificou a prática como assistencialismo com fins eleitorais, caracterizando abuso de poder econômico.
Defesa e decisão: A defesa de Professora Lorena alegou que os recursos financeiros vinham da empresa do esposo e que os kits e medicamentos eram doações de instituições beneficentes. A tese, no entanto, foi rejeitada pela Justiça.
“A ausência de documentação comprobatória e as evidências de organização sistemática reforçam a prática de captação ilícita de sufrágio”, afirmou a juíza Rhaila Carvalho. Na decisão, ela ainda destacou que a quantidade de itens encontrados era desproporcional e configurava abuso de poder político e econômico.
A sentença é passível de recurso, mas a cassação já está em vigor.