O fato: Os manguezais brasileiros armazenam aproximadamente 1,9 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO₂), o que representa um valor estimado de R$ 48,9 bilhões no mercado de carbono. Esses ecossistemas, que se localizam em 13.906 quilômetros quadrados ao longo da costa do país, ajudam a mitigar o aquecimento global ao reterem esse gás. O estudo foi divulgado pelo projeto Cazul, ligado à ONG Guardiões do Mar, durante a 16ª Conferência de Biodiversidade da ONU (COP 16), realizada em Cali, Colômbia.
O mercado de carbono consiste na comercialização de créditos para compensar emissões de gases poluentes. No Brasil, esses créditos são negociados no mercado voluntário a US$ 4,6 (R$ 25,85) por tonelada de CO₂. Em uma economia de baixo carbono, o valor de cada crédito poderia chegar a US$ 100 (R$ 562), elevando o valor total dos manguezais para R$ 1,067 trilhão.
Contexto: Os manguezais têm uma importância estratégica para o meio ambiente e a economia, funcionando como barreiras naturais contra a erosão e tempestades, além de atuar como berçários para diversas espécies marinhas. Esses ecossistemas retêm CO₂ de forma mais eficiente do que outras florestas, devido à característica de seu solo lamacento, que reduz a decomposição da matéria orgânica e, consequentemente, a liberação de carbono na atmosfera.
Além dos benefícios ambientais, a preservação dos manguezais tem o potencial de gerar riqueza para comunidades locais, como pescadores, marisqueiros e quilombolas. A inclusão dessas populações no mercado de carbono é defendida por especialistas, como a pesquisadora Laís Oliveira, líder do projeto Cazul.
Impactos: A pesquisa destaca que o Brasil concentra 8% das áreas de mangue do mundo, atrás apenas da Indonésia, que possui 20%. A maior concentração de manguezais no Brasil está localizada na costa amazônica, e a vegetação se expande anualmente, aumentando o potencial de geração de créditos de carbono.
A regulamentação do mercado de carbono no Brasil ainda está em tramitação no Congresso Nacional. O Projeto de Lei 182/2024, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, já foi aprovado na Câmara dos Deputados e segue em discussão. A regularização desse mercado poderá elevar o valor dos créditos de carbono e obrigar empresas poluidoras a compensarem suas emissões.
Com informações da Agência Brasil