Maria Luiza e o retorno dos sátrapas; Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

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Maria Luiza Fontenele ao lado de Geonino Neto e Belchior, no “comício da virada” da primeira campanha para a Prefeitura de Fortaleza ainda na ditadura, em 1985. O ato foi defronte ao Teatro José de Alencar, na praça do mesmo nome, Centro de Fortaleza.

Provavelmente, o único evento político de expressão eleitoral relevante, registrado no Ceará, foi a eleição de Maria Luiza Fontenele para a prefeitura de Fortaleza.

Enfrentou e venceu a maior formação partidária e oligárquica do Ceará falando coisas simples daquelas que as pessoas gostam de ouvir.

Paes de Andrade, convencido da vitória que as “urnas” lhe trariam, acordou, certo dia, após exaustivas buscas de contagem, magras esperanças e acertos eleitorais, com a revelação da sua derrota. Sequer lhe valeram os enfrentamentos com a nova ordem implantada com o ciclo militar de 1964 — os “revolucionários” seus contemporâneos negaram-lhe o voto e a cumplicidade dos velais tempos de luta.

Pela primeira vez, as oligarquias urbanas e o voto disciplinado de eleitores domesticados rompiam, em uma cidade nordestina, os controles da sua vida política.

O que veio depois, apagaria, muito cedo, o brilho da vitória popular, transformada em um jogo de jovens revolucionários pela construção de um “novo mundo”. E de um “novo” fortalezense…

Administrar uma prefeitura, aprenderiam os novos governantes da cidade de Fortaleza, tinha muito pouco em comum com uma revolução popular de inspiração socialista. Salvar o mundo a partir do Palácio do Bispo, com apoio na dialética dos ideólogos amotinados mostrou-se impossível e indesejável às lideranças mais experientes… Pareceu-lhes, afinal, que mudar o governo de uma cidade não era a mesma coisa quanto mudar o mundo. Ainda assim, tentaram com empenho, tomados pela fantasia dos reformadores.

Deu no que deu. Os antigos donatários do governo e da política, em uma cidade promissora, cercada pelos ventos de elevados propósitos anunciados, recuperaram, pouco a pouco, o seu poder interrompido por aquela jovem risonha e verdadeira.

A muitos, aquela aparição generosa de uma guerreira tão jovem e corajosa parecia confundir-se com a “pucelle” de Domrémy, a empunhar a bandeira dos seus ideais.

A exemplo de Joana D’Arc, conquistou a fidelidade de muitos, porém, não resistiu ao esquecimento dos que a apoiaram na sua cavalgada santa.

A fogueira não lhe queimou as ideias, mas aplainou o terreno para o regresso dos antigos sátrapas provincianos. Os mesmos que sempre se salvam no final do filme…

O cenário que vemos diante dos nossos olhos é recorrente, traz um gosto amargo de “déjà vu”, nem sempre o mocinho ganha; com frequência, perde no final da história…

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