
O fato: O mercado imobiliário de Fortaleza e da Região Metropolitana vive um momento de forte expansão. No primeiro semestre de 2025, o setor movimentou mais de R$ 3,2 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV), segundo levantamento do Sinduscon-Ceará com a consultoria Brain Inteligência Estratégica. A alta reflete uma combinação entre retomada econômica, acesso facilitado ao crédito e mudanças no comportamento habitacional, com destaque para loteamentos e imóveis de padrão econômico.
Loteamentos disparam e atraem famílias para a Região Metropolitana: O segmento de loteamentos foi o principal destaque do semestre. As vendas cresceram 66%, e o VGV avançou 88%, saltando de R$ 326,9 milhões em 2024 para R$ 574,7 milhões em 2025. A movimentação aponta uma migração consistente de famílias para regiões periféricas da capital e municípios vizinhos, como Eusébio, Maracanaú, Caucaia e Aquiraz, em busca de terrenos mais amplos, contato com áreas verdes e preços mais competitivos.
Segundo o presidente do Sinduscon-Ceará, Patriolino Dias de Souza, o fenômeno abrange perfis variados de compradores. “Há o público que busca o primeiro imóvel, mas também um interesse crescente da classe média, que vê nos loteamentos uma oportunidade de investimento. A aquisição do terreno com parcelas acessíveis e a construção futura têm se mostrado uma estratégia viável para muitas famílias”, afirma.
Fortaleza cresce com foco no mercado econômico: Fortaleza registrou 5.460 unidades vendidas no semestre, um crescimento de 29% sobre 2024. O mercado econômico puxou o avanço: o VGV desse segmento cresceu 41%, saindo de R$ 445,4 milhões para R$ 626,2 milhões. A capital mostra capacidade de atender à demanda por habitação de qualidade, com preço acessível e boa infraestrutura.
A pesquisa envolveu 394 empreendimentos de 175 empresas, abrangendo tanto a capital quanto cidades como Maranguape e Itaitinga. Em Fortaleza, foram analisados 195 empreendimentos; nos municípios vizinhos, 199. Os dados mostram que a construção civil segue como um dos vetores mais relevantes da economia local e da transformação urbana.
Cautela no segundo semestre, mas expectativa de valorização: Para o segundo semestre de 2025, o setor adota postura de cautela. A alta da taxa Selic traz incertezas para os empreendimentos voltados à classe média. Ainda assim, Patriolino acredita no potencial de valorização, sobretudo no segmento econômico. “Com a reforma tributária e a escassez de mão de obra, os preços dos imóveis devem subir. Quem compra agora pode ter ganhos significativos mais adiante”, projeta.
Quanto aos possíveis impactos do tarifaço dos Estados Unidos, o dirigente avalia que ainda é cedo para medir os efeitos. “O setor imobiliário não depende diretamente de insumos importados. Caso haja excesso de aço no mercado interno, pode haver até redução de preços. Em tempos de incerteza, o imóvel segue como investimento seguro e confiável”, conclui.