Os cardeais eleitores da Igreja Católica decidiram encerrar, brevemente, o Conclave, e escolheram o nome do sucessor de Francisco: habemus papam, e ele é o americano Robert Prevost, que realizou trabalho pastoral e episcopal no Peru; a partir de hoje, será ele o Papa Leão XIV.
Surpreendentemente, com apenas dois anos como cardeal, embora exerce o importante cargo de prefeito do Dicastério dos Bispos, o que fazia-o estar em audiência com Francisco todos os sábados.
Ainda é cedo para diagnósticos acerca daquilo que será o seu pontificado. Apesar disso, pululam na imprensa declarações enquanto bispo ou cardeal, e as temos para todos os gostos: desde declarações a favor de imigrantes, contra as políticas de Trump e críticas ao atual vice-presidente dos EUA, que se diz radicalmente católico (fazendo dele, assim, um sacerdote próximo dos progressistas); até declarações contra agendas caras ao pontificado ao qual sucede, como em relação a homossexuais (fazendo-o ser simpatizado pelos conservadores).
Tudo isso pode significar pouca coisa acerca daquilo que será seu pontificado. Francisco, enquanto cardeal Bergoglio, se notabilizou por críticas ferrenhas ao casal Kirchner na sua Argentina e ao casamento gay, por exemplo, o que o fazia ser nomeado como conservador; seu pontificado, contudo, agradou tanto aos progressistas que sua morte tornou-se um verdadeiro luto a um campo que, ao que parece, está carente de grande líderes.
Portanto, nada como a boa paciência da observação para construir expectativas, mesmo que analíticas, acerca do novo “vigário de Cristo”.
O que podemos intuir: 1- a escolha do nome, remorando Leão XIII (papa que pensou questões importantes envolvendo a presença e missão da Igreja num mundo em condições de Modernidade), aponta para um líder atento aos inúmeros desafios postos à expansão e manutenção da fé católica em condições universais cada vez mais adversas; 2- pelas referências a Francisco em seu primeiro discurso e pela ideia de uma “igreja aberta”, podemos pensar que seu pontificado partirá do trabalho de seu antecessor.
Uma questão, ainda a observar, é: o que será “o mal” que “não prevalecerá” a que Leão XIV se referiu em seu discurso? Estará ele dentro da Igreja, onde avança o tradicionalismo e a apoio a extremismos políticos que avançam com o apoio de grupos católicos? Abusos, corrupção, divisões? Ou estaria o “mal” fora da Igreja?
O tempo nos dirá, nos discursos a serem proferidos.
Trump, dias atrás, postou sua imagem como papa. Teria sido uma “profecia” profana acerca da nacionalidade do agora papa?
Frente àquela imagem, teriam os cardeais entrado, em definitivo, no jogo geopolítico e escolhido um papa dos EUA exatamente para ofertarem ao mundo uma outra liderança norte-americana?
Trump e seus apoiadores verão na eleição desta terça mais uma epifania da “América grande novamente“?