Tarifaço de 50% dos EUA cai como bomba atômica no Ceará

COMPARTILHE A NOTÍCIA


💥 O que aconteceu

Com 52% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos, o Ceará é, proporcionalmente, o estado mais vulnerável ao tarifaço de 50% anunciado pela gestão Trump contra produtos brasileiros. A medida, se confirmada para o dia 1º de agosto, afeta diretamente meio bilhão de dólares em vendas cearenses — e pode desmontar uma cadeia econômica com milhares de empregos e empresas ligadas ao porto do Pecém.

“Essa tarifa, se confirmada, vai ser uma bomba atômica na nossa economia em vários aspectos”, afirma Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais.

📦 Os números que assustam
• US$ 556,6 milhões exportados para os EUA no 1º semestre de 2025
• 184% de crescimento em relação ao mesmo período de 2024
• 93% de superávit comercial nesse período
• Mais que Bahia e Maranhão juntos nas exportações aos EUA

🧱 O aço como epicentro da crise

O ferro fundido, ferro e aço são responsáveis por mais de 76% das exportações cearenses aos EUA. Após uma regularização burocrática, o setor voltou com força total neste ano:
• +317,5% no valor exportado em 2025
• US$ 426 milhões em exportações no semestre

O setor emprega diretamente cerca de 10 mil trabalhadores, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. O temor é que, com a queda nas vendas, a produção desacelere e cause demissões em cadeia.

🌰 Frutas, castanhas e lagostas em risco

Setores que trabalham com produtos perecíveis, como frutas e pescados, estão ainda mais expostos. A exportação de melões, castanhas e lagostas é altamente dependente da janela de embarque entre setembro e novembro.

“Os contratos já estão suspensos. Estamos falando de um produto perecível. O impacto é imediato”, alerta Augusto Fernandes.

🧭 Como o Ceará tenta reagir

A Federação das Indústrias (FIEC) e o governo estadual montaram uma força-tarefa para abrir novos mercados e evitar colapso:
• Estudos de novos destinos comerciais: África, Ásia, América Latina
• Reaproximação com a União Europeia: buscar reverter o bloqueio a pescados vigente desde 2018
• Ações junto ao governo federal: solicitação de negociações comerciais urgentes
• Reuniões com setores estratégicos: aço, fruticultura, castanha, energia eólica

“Estamos vendo onde temos similaridades para nossos produtos chegarem competitivos. E também olhando o mercado interno com mais atenção”, explica Karina Frota, gerente da FIEC.

📉 O efeito dominó

O tarifaço pode não impactar diretamente a arrecadação do estado, já que exportações são isentas de ICMS. Mas atinge em cheio a base econômica, desde operadores portuários e consultorias até empresas de logística e armazenagem.

Setores como:
• Calçadista
• Pescados e crustáceos
• Máquinas e materiais elétricos
• Ceras vegetais
• Obras de pedra, cimento e gesso

…também vêm crescendo nas exportações, e agora estão sob risco.

🧨 A ameaça além da economia

Mais do que uma questão comercial, a imposição americana é vista como um gesto político agressivo e um teste à diplomacia brasileira. Com a campanha presidencial nos EUA aquecida, o movimento de Trump mira diretamente países como o Brasil, que se destacaram nos últimos anos em setores como aço e agricultura.

🧿 O que está em jogo

O Ceará passou as últimas décadas construindo uma vocação exportadora, ancorada no Complexo do Pecém, na diversificação produtiva e em relações externas com os EUA desde 2000. O tarifaço ameaça desfazer anos de planejamento em semanas.

“Seguiremos trabalhando juntos, Governo e setor privado, dialogando sobre medidas para proteger a nossa cadeia produtiva, manter a competitividade e garantir os empregos dos cearenses”, afirmou o governador Elmano de Freitas (PT).

🔚 Conclusão Focus Poder

O tarifaço é uma bomba atômica não por destruir de imediato, mas por ameaçar tudo o que foi construído em silêncio: cadeias logísticas, confiança comercial, rotina de embarques, emprego e estabilidade industrial. O Ceará, que hoje lidera a exportação nordestina para os EUA, pode amanhã ver suas esteiras paradas, seus navios vazios e sua produção sem destino.

Se nada for feito — com urgência e estratégia — o estado mais internacional do Brasil pode se tornar o mais isolado.

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

Ciro Gomes caminha para filiação ao PSDB após almoço com cúpula tucana, em Brasília

AtlasIntel: 62% dizem que tarifa de Trump contra o Brasil é injustificada; 41% veem punição por Brics

Barroso responde a Trump com beabá sobre democracia e ditadura

Lula, o “Napoleão brasileiro”, saberá usar o presente político que recebeu de Trump

A crise escalou: Trump envia carta a Lula e impõe tarifa de 50% sobre exportações do Brasil

AtlasIntel: Com Bolsonaro fora, Lula segura a dianteira, Haddad testa força e direita se divide

Pesquisa AtlasIntel: Lula ganha fôlego, Haddad reduz desgaste e confiança política desaba

Morre, aos 97 anos, José Walter Cavalcante, um modernizador de Fortaleza

PSB e Cidadania fecham federação para driblar cláusula de barreira e 2026

União Brasil estressa Lula em Brasília e prepara jogo duro no Ceará

Trump x Musk: ameaça de deportação expõe racha na base conservadora

💸 Fidelidade em queda: só 3 deputados do CE apoiaram Lula no aumento do IOF

MAIS LIDAS DO DIA

Prêmio Nobel diz que o Pix é o futuro do dinheiro – e por isso incomoda

Do elevador da OAB ao porão da liberdade: Barroso e o modelo chinês de regulação? Por Gera Teixeira

Tarifaço de 50% dos EUA cai como bomba atômica no Ceará

Aviação brasileira bate recorde com 61,8 milhões de passageiros no 1º semestre de 2025

Trump anuncia acordo com Indonésia, membro do Brics, e promete tarifa zero para produtos dos EUA

Inadimplência cresce 9,9% no Ceará, mas varejo mantém alta nas vendas e no crédito em 2025

A infância no colo do mal; Por Walter Pinto Filho

STF dá aval para bancos tomarem bens sem acionar a Justiça: o que muda para quem deve?

Governo libera R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2025 com manutenção parcial do decreto do IOF