Trump e o russo Pavlov: condicionamento no jogo político

COMPARTILHE A NOTÍCIA

Demétrio Magnoli: “O russo Ivan Pavlov (1849-1936), pioneiro do condicionamento clássico, tornou-se célebre por suas experiências com a mudança comportamental de cães. Donald Trump aplica os mesmos princípios de estímulo e resposta na moldagem do debate público”.

Um instigante artigo assinado por Demétrio Magnoli no O Globo (veja aqui completo) mostra como a nova direita norte-americana aprendeu a manipular o identitarismo a seu favor. Veja a seguir um resumo.

O que aconteceu?
Magnoli inicia o argumento lembrando que Donald Trump anunciou o fim dos programas federais de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), um movimento estratégico como armadilha para os ditos progressistas.

Por que isso é importante?
A DEI se tornou um dos pilares da esquerda pós-moderna nos EUA, ampliando políticas identitárias em universidades, empresas e instituições culturais. Trump ataca esse modelo, associando-o a privilégios e burocracias desconectadas do eleitor médio.

Um trecho: Equidade é o termo-chave da DEI. Trata-se da réplica identitária ao princípio da igualdade perante a lei. A doutrina filosófica e legal nela sintetizada advoga o tratamento desigual aos desiguais — e toma como implícito que desigualdade não é uma referência à renda, mas a atributos essenciais (cor da pele, etnia, gênero, orientação sexual). Segundo tal lógica, as filhas do casal Obama mereceriam preferência na concorrência com jovens brancos de baixa renda.

O truque de Trump
🔸 Como o experimento de Pavlov com cães, Trump provoca uma resposta previsível: indignação dos setores progressistas, que reforçam o discurso identitário e se isolam do eleitorado comum.
🔸 A estratégia reforça sua política de base ao mesmo tempo em que dificulta a reaproximação dos democratas com trabalhadores brancos e latinos.
🔸 A DEI, antes central no Partido Democrata, começa a sofrer resistência de setores populares – um movimento que Trump explora com habilidade.

Vá mais fundo
📌 A tática de Trump inclui associar a DEI a problemas como incompetência administrativa e decisões políticas desastrosas, como no caso do recente acidente aéreo em Washington.
📌 Kamala Harris tentou se desvincular da identidade como “mulher-negra-imigrante”, mas Trump deseja manter os democratas presos à agenda identitária, dificultando sua conexão com eleições médias.

🗣️ Quem é Demétrio Magnoli?
Geógrafo e sociólogo, colunista e analista político. Especialista em geopolítica, política internacional e identidade nacional. Conhecido por suas críticas à polarização e ao uso de narrativas identitárias na política.

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

Lula, o “Napoleão brasileiro”, saberá usar o presente político que recebeu de Trump

A crise escalou: Trump envia carta a Lula e impõe tarifa de 50% sobre exportações do Brasil

AtlasIntel: Com Bolsonaro fora, Lula segura a dianteira, Haddad testa força e direita se divide

Pesquisa AtlasIntel: Lula ganha fôlego, Haddad reduz desgaste e confiança política desaba

Morre, aos 97 anos, José Walter Cavalcante, um modernizador de Fortaleza

PSB e Cidadania fecham federação para driblar cláusula de barreira e 2026

União Brasil estressa Lula em Brasília e prepara jogo duro no Ceará

Trump x Musk: ameaça de deportação expõe racha na base conservadora

💸 Fidelidade em queda: só 3 deputados do CE apoiaram Lula no aumento do IOF

🧨 Base racha, centrão avança e Lula sangra em praça pública

Congresso impõe derrota ao governo e revoga novo IOF de Lula

O PDB, Partido Digital Bolsonarista: Estudo revela como o bolsonarismo opera fora da lógica dos partidos tradicionais

MAIS LIDAS DO DIA

Consulados cearenses em Sampa; Por João de Paula

Expocrato 2025 projeta R$ 140 milhões em negócios e entrega de 800 títulos de terra no Cariri

Ceará lidera alfabetização no Brasil com 85,3% das crianças lendo até o 2º ano do fundamental

Inflação recua pela 7ª semana e mercado reduz projeção do dólar para 2025

Aeroporto de Fortaleza está entre os 25 melhores do mundo, segundo ranking internacional

Barroso responde a Trump com beabá sobre democracia e ditadura