A Doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência. Caracteriza-se pela perda progressiva das funções cerebrais, manifestada por esquecimento, alterações na linguagem, desorientação e outros comprometimentos cognitivos. Com o avanço da doença, há perda da capacidade de realizar tarefas simples do dia a dia, levando à dependência total de cuidados por terceiros. Além disso, são frequentes as alterações de comportamento, o que gera enorme sobrecarga para os cuidadores — tornando-os mais suscetíveis a adoecimentos físicos, transtornos emocionais, além de impactos sociais e econômicos.
Embora mais prevalente em pessoas idosas, o Alzheimer também pode acometer indivíduos com menos de 60 anos e em plena atividade funcional. Sabe-se hoje que a doença começa de forma silenciosa, em uma fase assintomática que pode durar até 20 anos antes dos primeiros sintomas. Em seguida, surgem sinais discretos — conhecidos como comprometimento cognitivo leve — até alcançar o estágio plenamente sintomático, caracterizado como demência.
Nas últimas décadas, a ciência avançou significativamente na compreensão da doença, especialmente no entendimento dos fatores de risco e nas estratégias de saúde pública capazes de reduzir sua prevalência. Apesar disso, o cenário atual das demências — e do Alzheimer em particular — permanece extremamente desafiador.
No Brasil, estima-se que mais de 1,76 milhão de pessoas com 60 anos ou mais vivam com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por pelo menos 60% desses casos. Com o envelhecimento populacional, esse número deverá crescer para 2,78 milhões até o fim desta década e alcançar 5,5 milhões em 2050. O quadro se agrava diante de outro dado alarmante: cerca de 70% dos casos não são sequer diagnosticados, o que impede o acompanhamento clínico adequado. Já aqueles que recebem diagnóstico — muitas vezes em estágios avançados — enfrentam enormes dificuldades para acessar atendimento tanto no SUS quanto na rede privada, por conta da escassez de profissionais e de serviços especializados.
Trata-se, portanto, de uma condição de altíssimo impacto não apenas para os pacientes, mas também para os cuidadores, familiares e para toda a sociedade. O Brasil precisa, com urgência, de um plano nacional efetivo para a atenção às pessoas com Alzheimer. É fundamental lembrar que o controle dos principais fatores de risco poderia reduzir até pela metade o número de casos de demência no país — tema que será aprofundado em um próximo artigo.
