
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mostra desaceleração da economia, após a alta de 1,3% registrada entre janeiro e março, quando a supersafra de grãos deu impulso ao crescimento.
O desempenho veio em linha com a expectativa do mercado, que projetava 0,3% de expansão para o período. A taxa do primeiro trimestre foi revisada de 1,4% para 1,3%. A perda de ritmo no segundo trimestre reflete o fim dos efeitos diretos da safra agrícola e o peso dos juros elevados, que restringem consumo e investimentos.
Juros em alta e pressão no crédito
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 15% ao ano em junho, mantendo o patamar em julho. O choque de juros é usado pelo Banco Central para conter a inflação, mas encarece o crédito para famílias e empresas, afetando o dinamismo econômico.
Apesar do freio no PIB, o mercado de trabalho seguiu aquecido. A taxa de desemprego recuou para 5,8% no trimestre encerrado em junho, menor nível da série histórica do IBGE iniciada em 2012. Foi a primeira vez que o índice ficou abaixo de 6%, impedindo uma desaceleração mais brusca.
Na mediana das expectativas, o mercado financeiro passou a estimar avanço de 2,19% no PIB de 2025, segundo o boletim Focus do Banco Central. A Fazenda projeta expansão de 2,5% neste ano, após revisar os cálculos em julho. Analistas, porém, questionam até onde o governo Lula (PT) estará disposto a adotar estímulos adicionais antes das eleições de 2026.
Cenário internacional
O ambiente externo segue desafiador, com incertezas ligadas à guerra comercial dos Estados Unidos sob Donald Trump. O Brasil é um dos países afetados pelas sobretaxas americanas, o que adiciona riscos ao comércio exterior.
Comparação internacional
Entre economias da OCDE e emergentes, o Brasil ficou próximo da média no segundo trimestre. O crescimento foi igual ao da Hungria, Chile e Letônia (0,4%). Países como Dinamarca (1,3%) e China (1,2%) tiveram melhor desempenho, enquanto Alemanha (-0,3%) e Canadá (-0,4%) registraram queda.