Entre a Farda e o pijama. Por Ricardo Alcântara

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Tenho um grande amigo de infância, general de três estrelas, com quem converso à distância com rara frequência. Nunca o citei assim, publicamente, nem o farei jamais.

Mais novo do que eu, de fala mansa e trato elegante, é um conservador retinto. Anti lulista todo! – mas, como bom leitor de História, nunca se entusiasmou com Bolsonaro, contudo.

Ao ex-presidente se referiu, certa vez, com uma de suas metáforas militares:
_ “É só a granada que rompeu a barricada. Não tem calibre para liderar o avanço da artilharia. Será superado por gente mais sensata”.

Na última vez em que nos comunicamos, ele disse algo sobre o fascismo de acampamento (o termo é meu) que talvez explique em parte a recepção pífia devotada a Bolsonaro nesta quinta-feira:

_ “Esse povo não volta. Não com a força de antes. Eles sofreram duas grandes decepções: a recusa do Exército em contestar o resultado eleitoral, como não poderia deixar de ser, e a fuga patética de Bolsonaro para a Flórida. Um líder de verdade não faz aquilo”.

De quebra, ainda colocou uma questão que presta reverência ao inimigo:
_ “Se Lula tivesse fugido para a Venezuela, escapando da prisão, seria presidente hoje?”

Ele mesmo se adiantou em responder:

_ “Eu penso que não “.

Meu amigo general está – felizmente, para mim! – muito desapontado com o retorno de Lula ao poder e já se prepara para receber a quarta estrela antes de pedir dispensa.

Entrou naquela fase angustiante de conferir o calendário, cultivar hábitos culinários e fazer contas:
_ “Vou me juntar aos meus vizinhos que passam a tarde ali na pracinha jogando canastra, reparando no rebolado das moças e tomando café “.

E confessou, com irônico desânimo:
_ “Morro de inveja dessa falta de patriotismo…”

 

 

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