O Ibovespa interrompeu nesta terça-feira série negativa de cinco sessões, que o havia mantido nos menores níveis de fechamento desde 5 de junho. Nesta terça-feira, contou com a recuperação parcial de Petrobras (ON +1,54%, PN +1,50%), que havia tombado mais de 6% no dia anterior, e especialmente de Vale, que subiu 2,29% após leve perda na segunda-feira. Assim, a referência da B3 acentuou alta em direção ao fechamento e avançou 0,87%, aos 113.761,90 pontos, tendo mostrado ao longo do dia ganho similar aos de Nova York, entre 0,62% (Dow Jones) e 0,93% (Nasdaq) no encerramento da sessão.
Nesta terça-feira, o Ibovespa oscilou de mínima na abertura aos 112.813,83 até os 114.248,72 pontos, na máxima do dia, com giro financeiro a R$ 20,5 bilhões na sessão. Na semana, o índice mostra agora avanço de 0,54%, ainda cedendo 2,40% em outubro. No ano, o Ibovespa sobe 3,67%.
Na B3, a recuperação vista nas ações dos carros-chefes das commodities mais do que compensou a falta de sinal único na maior parte do dia para as de grandes bancos, em que o destaque, no fechamento, ficou com Santander (Unit +2,54%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, CVC (+5,49%), Alpargatas (+5,24%) e Locaweb (+4,33%). No lado oposto, Magazine Luiza (-6,62%), Casas Bahia (-3,77%) e Suzano (-3,47%).
A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, disse nesta terça que a empresa está “apanhando muito na Bolsa” porque “sempre acreditou em loja física”. Ela também afirmou que a crise atual do varejo não é a primeira do setor e, na sua visão, servirá para solidificar a empresa, frente ao crescimento dos últimos anos.
Se o dia foi negativo para Magalu, Petrobras se estabilizou nesta terça-feira, ainda que em grau discreto se comparado à correção vista no dia anterior. “Ontem, as ações da Petrobras tiveram uma reação grande, negativa, à possibilidade de mudança no Estatuto da empresa, mas hoje houve recuperação do ativo, em dia também mais favorável para o câmbio em que o dólar foi negociado abaixo de R$ 5 na mínima do dia, e também no fechamento”, diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos.
O diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Mario Spinelli, afirmou nesta terça ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que apesar da proposta de mudança no Estatuto Social – no sentido de excluir vedações à indicação de administradores previstas na Lei nº 13.303, de 2016 -, a governança continuará sólida. Ou seja, segundo ele, nada mudará na companhia se houver aprovação da proposta na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que será realizada até dezembro.
“A mudança ajusta o estatuto a qualquer que seja a decisão do Judiciário (sobre a Lei das Estatais)”, disse o diretor à jornalista Denise Luna, do Broadcast no Rio. Ele se referia à discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre exigências legais para nomeação de administradores. “Queremos evitar que tenha que ser convocada uma outra AGE para isso”, acrescentou Spinelli.
De qualquer forma, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) acionou nesta terça a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no sentido de que venha a impedir eventuais indicações políticas na Petrobras, após a aprovação de mudanças estatutárias. Segundo a colunista Malu Gaspar, de O Globo, o parlamentar pede que a CVM impeça eventuais nomeações na companhia que colidam com a Lei das Estatais até que o STF julgue em definitivo a decisão monocrática do ex-ministro Ricardo Lewandowski, que suspendeu restrições previstas no texto da legislação a nomeações de ministros de Estado, funcionários com cargo de confiança e representantes de partidos políticos.
No quadro mais amplo, desde o exterior, o dia foi marcado ainda na abertura dos mercados por moderada retomada do apetite por risco, em meio a leitura mais aguda em outubro para o índice de atividade composto (PMI industrial + serviços) nos Estados Unidos, de acordo com dados preliminares divulgados nesta terça pela S&P Global. Da Ásia, mais cedo, a emissão trilionária de títulos do Tesouro em yuans, anunciada na China, chega em momento no qual os agentes econômicos seguem atentos a sinais de estímulo no outro lado do mundo – algo positivo principalmente para a demanda por commodities, segmento de peso na B3.
Por outro lado, a falta de sinais de escalada no conflito do Oriente Médio deflagrado no último dia 7 pelo ataque do Hamas a Israel tem resultado, nas últimas sessões, em acomodação dos preços do petróleo, tanto no Brent como no WTI, o que alivia em parte os temores em torno da inflação global, observa Bernard Faust, sócio da One Investimentos. Ele se refere em particular ao efeito que eventual envolvimento do Irã, aliado do grupo palestino, teria sobre a passagem de petróleo pelo Estreito de Ormuz, por onde fluem cerca de 20% do fluxo global da commodity.
Contribuindo também para a redução da cautela dos investidores na sessão, os rendimentos dos Treasuries, especialmente de vencimentos mais longos como os de 10 e 30 anos, tiveram acomodação nesta terça-feira, após o da T-Note de 10 anos ter chegado a tocar o nível de 5% no dia anterior. Nesta terça, ficaram em torno de 4,80% para o mesmo vencimento, em meio a alertas de grandes players do mercado de que o “salto recente pode ter sido exagerado, diante do maior risco de desaceleração das principais economias ainda este ano”, aponta em nota a Guide Investimentos.
“Com a acalmada no exterior e o dólar voltando a trabalhar mais perto de R$ 5, o mercado começa a olhar um pouco mais para o contexto doméstico, para a questão fiscal, especialmente com relação a iniciativas do governo para atingir a meta de déficit zero no ano que vem, como a de tributação de offshores e fundos exclusivos, que pode resultar em receita de R$ 21 bilhões. E, no Senado, a expectativa é de que comece a destravar a reforma tributária”, diz Marco Prado, CIO da BullSide Capital.
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