A preciosa leitura de Andrei Roman, CEO da AtlasIntel, acerca da disputa de Fortaleza

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Fabio Campos, editor do Focus Poder, em conversa com Andrei Roman, cientista político CEO da AtlasIntel.

Na live (assista aqui) em que a equipe de analistas do Focus Poder expôs com exclusividade os novos números da pesquisa AtlasIntel, Andrei Roman, o cientista político que comanda a empresa, fez a sua própria avaliação do cenário político e eleitoral da disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Leia o resumo.

Em queda:
“A primeira tendência bastante clara é uma certa queda no Sarto. Tínhamos na pesquisa anterior [AtlasIntel de 08 de agosto] um rigoroso empate técnico. Agora, eu acho que não dá para dizer mais que o Sarto está empatado em primeiro lugar, igual estava anteriormente.”

Falta sintonia:
“Isso é algo preocupante [para o Sarto]. Se eu participasse do núcleo da campanha, estaria bastante preocupado em entender a dinâmica que está acontecendo. Existe uma certa estratégia de viralizar, de aparecer como uma figura mais jovem, de aparecer como uma figura que consegue dialogar com o público nas redes sociais. Uma estratégia de virar meme. Criar algo que pode ser repercutido em larga escala pelas redes sociais no formato de uma meme. Acho que, às vezes, essa estratégia funciona. Se a gente olha para a campanha de São Paulo, o Marçal, vai no caminho de encontrar maneiras de viralizar o seu conteúdo. Só que tem que existir sintonia com a figura do próprio candidato, sua bagagem, trajetória.”

Sintonia:
“Não sei se no caso do Sarto tinha essa sintonia. Isso, pela própria figura do Sarto e pelas características do seu eleitorado, que tende a ser mais moderado, mais situado no centro. Justamente um eleitorado que tende a fugir um pouco dessa polarização política extremada, mas também que pensa na gestão da cidade, talvez, de uma maneira um pouco mais séria.”

Alienação:
“Pelos que dizem nossos números, na medida em que Sarto busca esses novos eleitores, pode ser que a estratégia não esteja dando os resultados esperados. Alguns que faziam parte da base dele podem se sentir, de alguma maneira, alienados do novo discurso, da nova postura, de não se encontrar mais no discurso do candidato, no estilo do candidato.”

Polarização:
“A subida do André Fernandes apenas pode ser entendida a partir da dinâmica da polarização política. O principal trunfo do André Fernandes vem sendo o número 22, ser o candidato do Bolsonaro. Ter todos os apoios relevantes dentro do espaço conservador o coloca numericamente hoje à frente, com uma distância muito reduzida dentro da margem de erro. Não penso que seria possível oferecer qualquer outra interpretação para os números de hoje de Fortaleza, que são muito distintos de um ano, seis meses atrás, se não fosse por esse ângulo da dinâmica da polarização e da nacionalização do debate sobre a cidade da Fortaleza.”

Resiliência:
“Teremos mais um mês pela frente e poderemos observar nas próximas pesquisas as novas dinâmicas. Eu diria que essa pesquisa traz uma notícia muito boa para o Capitão Wagner. Talvez a melhor notícia da pesquisa seja para o Capitão Wagner, ao reverter uma trajetória de queda. Não parecia ser algo tão fácil ou óbvio de acontecer.”

Comparação:
“E a notícia ruim da pesquisa parece ser para o Sarto. Seria interessante analisar o que o Capitão Wagner vem fazendo comparado com o Sarto. Minha impressão é que o Sarto buscou algo excessivamente inovador, muito fora de caixa, muito diferente.”

Autenticidade:
“Enquanto o Capitão Wagner focou muito no que ele entendia que era o mais forte dele, no estilo dele, na autenticidade dele, num eleitorado que já, de alguma forma, sentia uma proximidade com ele, sempre na busca de atenuar esse impacto da polarização política.”

Persistência:
“A primeira medição que a gente tem agora é que parece, a partir dessa pesquisa, que a estratégia do Wagner pode ter sido um pouco melhor sucedida do que a estratégia do Sarto. Mas os dois estão numa situação difícil e estão no terceiro, no quarto lugar, muito próximos dos primeiros colocados. Porém, a ordem na lista também importa, mesmo considerando a margem de erro e o empate estatístico.”

Voto útil:
“No caso do Capitão Wagner e do Sarto, é mais uma questão de resistência, de resiliência. Mas, na margem, o efeito cumulativo tende a ser sempre de agregar um pouco mais de apoio para os dois polos ideológicos e tirar alguma coisa na margem dos outros. A não ser que exista algum elemento, algum fato novo que mude essa dinâmica.”

Possibilidades:
“Como tem dois candidatos que estão mais no centro, o Sarto e o Capitão, pode ocorrer ainda uma lógica de voto útil de um para o outro. É  algo a se observar com bastante cautela pela frente. Se o Sarto continuar caindo, será que alguns dos eleitores do Sarto não poderiam migrar para o Capitão Wagner para evitar uma escolha entre o André Fernandes e o Evandro, por exemplo? Ou vice-versa?”

Surpresa:
“Eu diria que a principal surpresa nessas dinâmicas observadas até hoje poderia vir disso [possíveis fluxos entre Capitão e Sarto]. Existe uma conservação dos polos ideológicos. Então, na margem, o André Fernandes e o Evandro continuam ganhando espaço. Provavelmente, isso vai continuar pela frente. Porém, o espaço que hoje é fragmentado entre o Capitão Wagner e o José Sarto poderia se unir na figura de um deles apenas, caso vá existir uma opção estratégica [contra a polarização] de parfte dos eleitores.”

Virada:
“Isso realmente poderia ser um game changer [virada de jogo]. Poderia colocar um dos dois no segundo turno caso existisse essa coordenação em escala dos eleitores de um deles para migrarem para o outro. Acho que o principal elemento surpresa, vamos dizer, pela frente, poderia vir disso.

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