
O que aconteceu:
Mark Zuckerberg anunciou nesta quarta-feira (16) que a Meta irá construir um data center com dimensões comparáveis à ilha de Manhattan, como parte de um investimento sem precedentes em inteligência artificial. A empresa pretende gastar centenas de bilhões de dólares nos próximos anos para desenvolver produtos de IA, consolidando sua aposta na chamada “superinteligência”, ou inteligência artificial geral.
Detalhes do projeto global:
O primeiro megaempreendimento da Meta, batizado de Prometheus, deve entrar em operação já em 2026. Outro, o Hyperion, poderá atingir 5 gigawatts de potência. Segundo Zuckerberg, há ainda “vários clusters titânicos” sendo planejados, um dos quais cobriria uma área similar à de Manhattan. A Meta quer ser o primeiro laboratório de IA a colocar um supercluster de gigawatts em funcionamento.
Por que importa:
Os data centers são a espinha dorsal do novo ciclo tecnológico, abrigando os sistemas que treinam e operam modelos de IA generativa e sistemas autônomos. O movimento da Meta antecipa uma corrida global por infraestrutura computacional de alto desempenho, em uma disputa feroz com OpenAI, Google e Amazon.
Ceará na rota dos data centers:
O anúncio da Meta ocorre no momento em que o Ceará se posiciona como novo polo de infraestrutura digital no Brasil, com ao menos três grandes projetos de data centers articulados para o Estado:
- Um deles é uma joint venture entre a empresa chinesa Chint Power e a Casa dos Ventos, prevendo a instalação de um megacomplexo de energia renovável e data center no litoral cearense, com acesso direto aos cabos submarinos e uso exclusivo de energia limpa.
- Outro projeto, articulado por investidores brasileiros e norte-americanos, prevê instalação na Região Metropolitana de Fortaleza com foco em cloud computing para empresas da América Latina.
- Um terceiro empreendimento envolve o Governo do Estado e tem como objetivo criar um ambiente regulatório e fiscal atrativo para atrair hyperscalers internacionais e empresas de IA.
Com localização estratégica, presença de múltiplos cabos de fibra óptica internacionais e vocação para energias renováveis, o Ceará desponta como base promissora para a nova economia da inteligência artificial.
Zuckerberg justifica gasto bilionário:
Com quase US$ 165 bilhões em receita no último ano, a Meta diz ter caixa suficiente para sustentar os gastos. O CEO mencionou que o negócio principal de publicidade digital continua saudável e que os produtos de IA — como o Meta AI, as ferramentas de anúncio baseadas em imagem para vídeo e os óculos inteligentes — devem abrir novos fluxos de caixa.
Nova divisão: Superintelligence Labs:
No mês passado, a Meta reorganizou seus esforços sob a nova divisão Superintelligence Labs, liderada por Alexandr Wang (ex-Scale AI) e Nat Friedman (ex-GitHub). A empresa também investiu US$ 14,3 bilhões na Scale, numa ofensiva por talentos que levou Zuckerberg a liderar pessoalmente negociações com alguns dos principais cientistas do mundo.
Previsão de investimentos:
A Meta elevou sua estimativa de gastos de capital para 2025 para algo entre US$ 64 bilhões e US$ 72 bilhões — parte do esforço para manter vantagem competitiva frente a rivais como OpenAI e Google DeepMind.
Vá mais fundo:
O avanço dos superclusters de IA pode acelerar a centralização do poder computacional e intensificar a disputa geopolítica por recursos como chips avançados e energia limpa. Para estados como o Ceará, que já despontam no mapa da infraestrutura digital, trata-se de uma janela estratégica: ser base de operações para a nova era da inteligência artificial.